Mais de mil delegados e delegadas de diversos países prestigiaram, na última sexta-feira (02), a abertura oficial do 19º Encontro do Foro de São Paulo, na quadra dos Bancários, em São Paulo, que contou com a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante cinco dias, o encontro, que teve como temas centrais, “aprofundar o processo de mudanças em cada país e acelerar o processo de integração regional”, reuniu mais de 100 partidos progressistas da América Latina e Caribe para debater sobre a atual conjuntura internacional e aprovar um plano de ação para o próximo período. Também vieram para o encontro observadores de partidos da Europa, África e Ásia.
Na mesa de abertura estavam representantes da Bolívia, Cuba, El Salvador, Equador, México e Venezuela. Pelos partidos brasileiros, participaram os presidentes do PT, Rui Falcão, e do PCdoB, Renato Rabelo, além do primeiro vice-presidente do PSB, Roberto Amaral. Wagner Gomes, presidente da CTB, e Vagner Freitas, presidente da CUT, representaram o movimento sindical.
Para Wagner Gomes, o Foro tem a grande responsabilidade ser a alavanca da unidade das Américas. “Esse Foro tem grandes perspectivas e é a saída para fazer uma América Latina forte , respeitada e soberana”, destacou o presidente da CTB.
América Latina: novo farol da esquerda
A personalidade política mais aguardada, o presidente Lula afirmou que a América Latina poderá ser o “novo farol da esquerda que precisamos criar no mundo”, manifestando preocupação com a necessidade de fortalecer a integração no continente. “Se o Brasil não assumir a responsabilidade, tudo será mais difícil. Temos de ser uma espécie de animadores desse processo”, disse.
Para Lula, o Foro de São Paulo “é a melhor coisa que já criamos neste continente” e foi parte importante da chegada da esquerda ao poder na América Latina. “Em 1990, a esquerda latino-americana não acreditava que fosse possível chegar ao poder pela via da disputa democrática e sobretudo pela via eleitoral. E a história se encarregou de provar que a democracia exercida a partir da participação das massas pode ser o melhor caminho para que a esquerda chegue ao poder em qualquer país do mundo.”
Para o ex-presidente, houve evolução, “mas do ponto de vista da integração precisamos avançar 50 ou 100 vezes mais”. Mas, segundo ele, para isso, os dirigentes precisam trocar mais informações e o governos têm de dividir seu tempo.
O ex-presidente também destacou a importância da comunicação, afirmando que é preciso buscar novas formas de transmitir notícias e ideias. “Não podemos continuar chorando o problema da mídia conservadora. E não podemos continuar reclamando que nossos adversários usem a mídia contra nós. Com a internet, temos pela primeira vez a chance de criar instrumentos de comunicação entre nós e não ficar devendo favor a ninguém no mundo. Precisamos parar de reclamar e fazer o que está ao nosso alcance para que a gente possa ter a nossa própria mídia, nossa própria informação.”
Cerimônia
A cerimônia contou ainda com uma saudação em vídeo da presidenta Dilma Rousseff, que destacou a presença de “novos governos democráticos e populares”, segundo ela “firmes na defesa da soberania nacional”, mas sem se refugiar “em um nacionalismo estreito”. Em seguida, a presidenta citou medidas de integração continental, como o Mercosul, a Unasul e a Celac. E disse reafirmar sua disposição, dela e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de “associar o futuro do Brasil ao futuro da América do Sul, de toda a América Latina e do Caribe”.
Após a fala de Dilma, a primeira a falar foi a presidente da Assembleia Nacional do Equador, Gabriela Rivadeneira, que manifestou “repúdio absoluto” à espionagem do governo norte-americano a países e cidadãos. “Não somos mais quintais de nenhum império”, afirmou.
Também discursou o vice-presidente de El Salvador, Salvador Sánchez Cerén, candidato à presidência nas eleições que se disputarão em fevereiro de 2014. Ele afirmou apoiar o processo de pacificação em curso na Colômbia e defendeu o entendimento entre Argentina e Reino Unido e o fim do bloqueio econômico a Cuba.
O pronunciamento seguinte foi justamente de Olga Lidia Tapia, do Partido Comunista de Cuba, que citou os golpes recentes no Paraguai e em Honduras. “O aprofundamento da crise global teve consequências sociais, com aumento das desigualdades”, acrescentou.
Dezenas de dirigentes da CTB participaram do encontro, que reuniu cerca de 1.118 participantes – entre delegados, observadores e convidados –, sendo 805 do Brasil e 238 dos demais países das Américas, além de representantes da África, Ásia e Europa.
O encerramento aconteceu no domingo (4), com presença do presidente da Bolívia, Evo Morales.
Cinthia Ribas – Portal CTB
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