Prefiro o relincho de um jumento
De que escutar um imbecil que aliena
Odeio o discurso do demagogo
Gosto do canto da seriema
Prefiro ouvir as mulheres
Pois são muito mais serenas.
Não desista nunca
Boas são as pessoas que te compreendam
A vida é um trem alegre
Atropelando quem te condena
Fuja das angústias
Aproxime-se das coisas amenas.
Prefiro as mulheres valentes:
Tipo a cangaceira terena
Que enfrentava as volantes
No meio dos xique-xiques e juremas
Com seu sonho libertário
Enfrentava macho de centenas.
Prefiro o coletivismo
Das tribos indígenas
Sem base no egoísmo
Levam uma vida sem problema
Todos são iguais
Do ancião a criança pequena.
A ideia do capitalismo
É coisa que nos aliena
Sua máquina ideológica
É uma serpente que te envenena
Um filme idiota
Nas telas de um cinema.
Quem só pensa em dinheiro
Talvez sua alma ao diabo venda
É um grande vigarista
Não sabe que sua vida é um preponema
O homem tem que ter princípios
Seja aqui ou em Barbacena.
Tenha o espírito de Etos
A grandeza de Helena
Se tiver perturbado
Vá a um terreiro, um culto ou uma novena
Ou vá pra o Afeganistão
Fique lá de quarentena.
Pegue sua catrevagem
E medite debaixo de uma tenda
Converse com a liberdade
E uma vela pra ela acenda
O mundo é mais fácil
Pra quem tem a mente serena.
Se existe o inferno
O capeta é o chefe da projena
Se existe o céu
Deus é o extrato gema
A ideia do mundo é dos machos
Acredite nessa cantilena.
O homem que tem caráter
Não coloca sua alma à venda
Defende seu ideal
Como defende sua cria uma hiena
Não é pobre de espírito
Não obedece a qualquer esquema.
Se não podemos fazer a revolução
Com as canetas de penas
Que façamos com o coração com a paixão
Nossas decisões serão extremas
Nós não vamos nos dispersar
Nossa rebeldia é por liberdade e justiça social plena.
Admiro a grandeza do operário
Os braços de uma loira morena
A luta do camponês
A garota de Ipanema
O povo do campo e da cidade
A foice e o martelo é meu emblema.
Sou apenas um nordestino
Poeta de caicó da gema
Amanhã vai ser um novo dia
Quem acredita se antena
Viva! A literatura
E quem gosta de um bom poema.
Não me venha com dança de rato
Conversa da cigana madalena
Valsa de camundongo
Agouro do canto da ema
Viva! Fernando Pessoa
Este é o meu lema:
Tudo na vida vale a pena
Quando a alma não é pequena.
Por Francisco Batista Pantera (professor, poeta, jornalista e presidente da CTB-RO).