O XIX Encontro do Foro de São Paulo começa oficialmente nesta quarta-feira (31) com uma reunião do Grupo de Trabalho, que definirá quais temas serão debatidos durante a semana e aparecerão no documento final do evento. Entre os principais assuntos que devem ser abordados estão o retorno do Paraguai ao Mercosul e a defesa do voto direto para definir os representantes de cada país no Parlasul.
O Paraguai é, atualmente, o único lugar em que a população vota para eleger os parlamentares do Mercosul. Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela têm seus representantes indicados pelo Poder Legislativo e os escolhidos acumulam cargos no Parlasul e no Congresso local.
“Os adversários do Mercosul não querem eleições diretas e, se deixarmos o assunto nas mãos do Parlamento, isso não vai evoluir. Os partidos políticos de esquerda devem se unir exigindo o voto direto para o Parlasul”, afirmou na última terça (30) o deputado federal Dr. Rosinha (PT/PR).O senador uruguaio e parlamentar do país no Mercosul, Roberto Conde, também argumenta que o Foro de São Paulo deve mencionar o tema no documento final do encontro. No Uruguai, a coalizão governista Frente Ampla defende a iniciativa, que enfrenta resistência na oposição.
Em entrevista a Opera Mundi, o secretário-executivo do Foro de São Paulo, Valter Pomar, declarou que, legalmente, o Brasil ainda pode ter eleições diretas para o Parlasul em 2014, mas que a medida não deve ser aprovada a tempo. “A votação teria que ser feita em lista fechada e há grande resistência a esse modelo”, afirma Pomar.
Volta do Paraguai ao Mercosul
Na reunião dos partidos de esquerda que fazem parte de governos dos países do Mercosul , realizada na terça, a volta do Paraguai ao bloco foi um dos assuntos mais debatidos. O assessor da Presidência da República para assuntos internacionais Audo Faleiro pediu que o assunto seja mencionado na resolução final do encontro.
O venezuelano Rodrigo Cabezas, do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), reforçou o posicionamento adotado pelo presidente Nicolás Maduro na Cúpula de Montevidéu, quando o país assumiu a presidência temporária do Mercosul.“Trabalharemos muito nestes seis meses para que Paraguai se reincorpore. É a decisão política de nosso governo. A integração regional não é de esquerda, direita, ou centro. É um fato latino-americano”, argumentou Cabezas.
O Mercosul decidiu na reunião da capital uruguaia, há três semanas, que a suspensão ao Paraguai acabaria em 15 de agosto, quando o presidente eleito, Horacio Cartes, toma posse. O líder paraguaio, no entanto, diz que só pretende retornar ao bloco em 2014, ao final da presidência venezuelana.
Outras atividades do Foro
Até domingo (4), o Foro de São Paulo, que reúne mais de cem partidos de esquerda, organiza diversas atividades na capital paulista. Além do curso de formação política, que se encerra hoje, haverá painéis de debate sobre política externa, igualdade de gênero e desafios para a integração regional. Na quinta-feira (1º/08), às 19h, será lançado o livro “Foro de São Paulo: construindo a integração latino-americana e caribenha” (Editora da Fundação Perseu Abramo), de Valter Pomar e Roberto Regalado.
Um dia depois, na sexta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é presença confirmada no ato de inauguração do evento. O venezuelano Nicolás Maduro deve participar do Foro de São Paulo no sábado e o boliviano Evo Morales, no domingo.
Fonte: Opera Mundi
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