Quem tem medo da opinião popular?

O mês de junho de 2013 entra na história política brasileira marcado por intensas e volumosas mobilizações sociais. Jovens estudantes da faixa de renda média são os maiores protagonistas dessas importantes manifestações.

No que pese sua difusa pauta, elas conseguiram colocar em dimensão nacional a necessidade das reformas estruturais no país. Uma agenda inadiável – que há tempo a CTB reivindica – para que seja viabilizada, por exemplo, uma reforma urbana capaz de humanizar as cidades brasileiras, destacando-se a mobilidade e a prestação dos serviços públicos.

Um traço dessas lutas populares – mesmo com a captura e influência da grande mídia – é o não pertencimento entre vários segmentos que ali se manifestam em torno das instituições, das organizações sociais e partidárias. Um desafio para estes que historicamente travam a luta de classes no país.

Nesse estágio, penso que o povo brasileiro deve ter o direito, inclusive constitucional, de exercitar mais a democracia participativa direta. Uma forma de pavimentar um maior pertencimento popular em torno de grandes temas e projetos.

Nesse contexto, a reforma política proposta pelo governo Dilma Rousseff é alvissareira. Possibilita que forças populares disputem-na num sentido democrático – financiamento público e exclusivo de campanha e que preserve a histórica tradição brasileira do multipartidarismo garantido pelo modelo proporcional – e através de sua efetividade possam os trabalhadores e as trabalhadoras terem condições de garantir uma maior representação institucional e parlamentar. O arcabouço eleitoral atual só privilegia o poder financeiro. Não à toa, no Congresso Nacional as forças populares e da classe trabalhadora é diminuta.
Portanto, não tenhamos medo da opinião popular. Apoiemos o plebiscito sobre a reforma eleitoral. O povo tem o direito de fazer suas próprias experiências e desenvolver seus acúmulos objetivos e subjetivos.

Mãos à obra.


Divanilton Pereira é membro do comitê central do PCdoB, da direção nacional da CTB, da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindicato dos Petroleiros do RN.

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