De braços cruzados há quatro dias, motoristas do transporte coletivo em Bauru, no interior de São Paulo, protestaram na manhã da última segunda-feira (24) em frente à Câmara Municipal da cidade.
Os grevistas se reuniram em uma praça na região central e, de lá, seguiram para o prédio do Legislativo em passeata. Os trabalhadores receberam o apoio de integrantes do movimento “Vem pra rua” que também participaram do ato. Cerca de 300 pessoas entre funcionários das empresas de transporte coletivo da cidade e simpatizantes participaram do protesto. Cerca de 100 mil pessoas estão sem transporte público em Bauru desde sexta-feira (21).
Assim que chegaram à Câmara os manifestantes foram recebidos pelo presidente da Casa, Sandro Bussola (PT). Dois representantes de cada uma das três empresas que atuam na cidade participaram da reunião que teve o objetivo de expor aos vereadores os motivos da paralisação, além de pedir apoio. O encontro durou cerca de 20 minutos.
“Toda manifestação pacífica é bem-vinda. O processo democrático que o País caminha permite isso. O papel da Câmara é sempre fazer o intercâmbio, o diálogo. É importante sentarmos para discutir isso”, disse o presidente do Legislativo bauruense.
“Dirigimos, cobramos, embarcamos e desembarcamos os passageiros com deficiência física. Se torna muito penosa a nossa profissão”, comentou o motorista José Balbino da Silva. Os motoristas também acumulam a função de cobrador na cidade. “Só queremos nossos direitos e melhores condições de trabalho. Queremos que a população entenda isso”, disse o motorista Antonio Silva.
Sandro Bussola ouviu os manifestantes e se comprometeu a agendar uma reunião com o presidente da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural de Bauru (Emdurb), Nico Mondelli, e com os vereadores.
Na reunião serão apresentadas denúncias dos motoristas contra as empresas, como o não cumprimento de uma hora de descanso para refeição durante a jornada de trabalho. A Emdurb é a responsável pelo gerenciamento do transporte coletivo no município. Parte dos motoristas deve retornar à Câmara na tarde desta segunda-feira para participar da sessão legislativa semanal, quando a questão do transporte público será discutida.
Na última sexta-feira (21) o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) em Campinas (SP) concedeu liminar exigindo que 100% da frota voltasse a circular. Porém, o advogado da Comissão dos Trabalhadores do Transporte Coletivo, Hudson Chaves, informou que a paralisação continua, porque o líder do movimento grevista, Valter Dutra, não teria sido oficialmente comunicado sobre a decisão judicial. Enquanto isso os motoristas mantêm o combinado entre a categoria e só voltarão ao trabalho caso suas exigências sejam atendidas.
Entre outros prontos, os grevistas exigem aumento salarial de 12%, além de reajuste no valor do vale-alimentação. Na tarde desta segunda-feira haverá uma audiência no TRT em Campinas para negociar as exigências da categoria. Pela legislação, 30% do serviço deveria ser mantido durante a greve. Com a ilegalidade devido à paralisação total do serviço, as empresas responsáveis pelo transporte coletivo estão sendo multadas pela Emdurb.
Com agências