Francisco Pantera: A Arte de Bezerra da Silva

Pense num nordestino talentoso
Lá das bandas de Pernambuco
Das favelas um grande poeta
Pra outros um grande maluco
Criado nos morros cariocas
Nas feiras do vuco-vuco.

Foi operário
Enfrentou o sofrimento
Morava no canta galo
Frequentavam o morro do Juramento
É considerado o embaixador das favelas
Por este povo tem sentimento.

O Brasil é maravilhoso
De um povo de muita cultura
Pena que temos pobreza
 São mais de 500 anos de amargura
A coisa está mudando
Bezerra tinha essa leitura.

É cultura popular
Que tem sua estética
Canta a voz do povo
Numa visão poética
Observar esse mundo
Sem uma visão patética.

Contestar as injustiças
E o quadro social
Faz parte desse poeta
Desse malandro magistral
Combateu à corrupção
Com humor fenomenal.

Se liga otário
“Não preciso fazer a cabeça;
Eu já nasci com ela”
Se dane, antes que eu te esqueça
Veja se no meu caminho
Você não mais me apareça.

“Dizem que sou malandro”
Bezerra você é um danado
“Cantor bandido
Dizem que sou revoltado”
Bezerra você foi um defensor
Desse pobre povo marginalizado.

Assim é nossa vida
“Nós somos o que perdemos no tempo”
A vida tem angustias
Tem sofrimentos
“O tempo é que nos perde”
Assim, viva todos os momentos.

Pense!Reflita!
“A natureza tem uma estrutura feminina;
Não sabe se defender”
Do homem sua agressão malina
“Mas sabe se vingar como ninguém”
Pense no fenômeno da “lá nina”.

Se você pensa que é feio
“Por mais que você não goste de sua aparência,
Afirme-se bonito”
Tu és feio na sua pobre consciência
Se pensas assim
És um horroroso em profunda decadência.

“O homem é o único animal
Capaz de matar um rio.
Prática suicida… irracional
Assassino a sangue frio”.
A mente capitalista é destruidora
Como a bala que sai de um fuzil.

“Precisamos vencer a fome,
A miséria e a exclusão social”
Precisamos construir um novo país
Um novo estado nacional
Para que num futuro próximo
O povo pobre não seja tratado de marginal.

Eu não preciso dos seus elogios
Às vezes não tenho tudo, às vezes tudo tenho
Quando eu morrer
Não vou levar um vintém
“Agora eu descobri
Que não preciso provar nada pra ninguém”.

Você não foi bandido
Foi um gênio de nossa literatura
Cantava a língua do povo
Que com ele se mistura
“Malandro é malandro, mane é mane”
Se liga! comedor de rapadura.

Por Francisco Batista Pantera (professor, poeta, jornalista e presidente da CTB-RO).

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.