Trabalhadores representados pelo Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente (Sintaema), anunciaram na tarde da última terça-feira (21) que vão iniciar greve na próxima terça-feira (28), caso o governo Alckmin (PSDB) não abra as negociações.
De acordo com o presidente do Sintaema, Rêne Vicente, as empresas do governo estadual não têm aceito nenhuma proposta dos trabalhadores.
Metroviários
Na última sexta-feira (17), os funcionários da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) já haviam prometido iniciar paralisação na mesma data por problemas similares.
As declarações foram dadas durante um protesto que reuniu cerca de cem trabalhadores, na tarde da quarta-feira (22), em frente à Secretaria de Estado da Fazenda de São Paulo, no centro da capital. Os dirigentes sindicais exigem que o Conselho de Defesa de Capitais (Codec) pare de interferir nas negociações salariais das diversas categorias.
Segundo Vicente, o órgão, responsável por gerenciar questões financeiras de empresas controladas pela gestão Alckmin, não participa das reuniões, mas impõe regras para o diálogo que impedem o avanço da pauta dos trabalhadores.
“Nós exigimos respeito às negociações entre as categorias e as empresas. Não é possível negociar se um órgão externo às reuniões é quem determina o que pode e o que não pode ser feito. Não acontece só com o Sintaema, é com todas as categorias. O governo Alckmin não quer conceder aumento aos trabalhadores e justifica isso através do Codec”, afirma Vicente. Um dos problemas seria o índice utilizado para calcular a inflação. O governo paulista utiliza dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que, segundo o sindicato, não reflete o cenário nacional.
A assembleia em que será votada a paralisação dos trabalhadores da Sabesp ocorre no dia 27. Desde a segunda-feira (20), os profissionais estão realizando paralisações de duas horas por dia em cada região da cidade, tendo iniciado pela zona leste. Já os metroviários têm reunião com a empresa nesta quarta (22), às 9h, e realizam assembleia a partir das 18h.
Estiveram presentes ao ato, além dos trabalhadores do Sintaema, os sindicatos dos Metroviários (Metrô), dos Eletricitários — AES Eletropaulo e Companhia Energética de São Paulo (Cesp) — e dos trabalhadores da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), todos do estado de São Paulo.
Pautas de reivindicação
O Sintaema reivindica aumento real de 20,1% a todos os trabalhadores e reajuste de 25,34% referente às perdas inflacionárias dos últimos três anos. Exigem que o vale-refeição passe de R$ 22 para R$ 38 por dia, a cesta básica de R$ 172,80 para R$ 450,00 por mês e o auxílio-creche, de R$ 228,83 para R$ 755. Além disso, pedem que sejam extintos os salários regionais, que são até 20% inferiores aos pagos pela mesma função, na região metropolitana da capital.
A Sabesp apresentou proposta de reajuste geral de 5,37%, cesta básica de R$ 182,08 e vale-refeição de R$ 23,19. A gratificação de férias passaria ao valor de R$ 1.312,18, mais 40% do valor do salário, e o auxílio-creche seria de R$ 241,12.
Com data-base em 1º de maio, os metroviários reivindicam aumento real de 14,16% e reposição estimada em 7,3%. A pauta inclui ainda reajuste de 24,3% no vale-refeição, aumento no vale-alimentação para R$ 382,71 e a revisão do plano de carreira, com a instituição deste plano nas áreas de segurança e manutenção. Segundo o sindicato, um trabalhador pode levar até 20 anos para chegar ao topo da carreira em sua função. Outra reivindicação é que a participação nos lucros ou resultados (PLR) seja igual para todos os trabalhadores. Atualmente ela é 60% fixa e 40% proporcional ao salário, privilegiando os altos cargos da empresa.
Os eletricitários que trabalham na AES-Eletropaulo reivindicam 5% de aumento real e reposição das perdas pelo maior valor da inflação no período de junho de 2012 a maio de 2013. Também exigem vale alimentação de R$ 350, auxílio creche de um salário mínimo e gratificação de férias de R$ 2.000, dentre os 48 itens da pauta de reivindicação. A primeira reunião entre empresa e trabalhadores será realizada no dia 28 de maio. Os profissionais da Cesp ainda não fecharam a pauta de reivindicações. A data-base da categoria é 1º de junho.
Os trabalhadores da EMTU terão sua segunda reunião na próxima sexta-feira (24). Eles reivindicam reposição das perdas inflacionárias dos últimos dez anos, pois nesse período tiveram reajustes muito inferiores aos índices de inflação. Além disso, querem que a empresa estabeleça planos de carreira para todas as funções.
Segundo o diretor do sindicato Rubens Rodrigues, a situação dos profissionais é bastante complicada pois a empresa adota práticas antissindicais. “Em 2011, membros da comissão de negociação foram demitidos logo após o encerramento da campanha salarial. No ano passado, a categoria teve medo de represálias e não realizou campanha salarial. Conseguimos, através da Justiça do Trabalho, a reintegração de três trabalhadores neste ano e estamos iniciando nova mobilização”, explica Rodrigues.
Portal CTB com agências