Indignação e firmeza. Estas foram as principais marcas do Ato Público realizado na manhã da última sexta-feira (12), em frente ao portão principal de acesso à Base 34, sede administrativa da Petrobrás, em Mossoró (RN).
Com forte repercussão na mídia local, o evento teve por objetivos protestar contra o crescimento do desemprego e exigir da Petrobrás a retomada dos investimentos na região.
A justeza das reivindicações mobilizou cerca de 500 trabalhadores da estatal e de empresas terceirizadas, além de representações sindicais de diversas categorias, direta ou indiretamente ligadas à cadeia produtiva do petróleo. Também presentes, integrantes dos legislativos municipal, estadual e federal comprometeram-se em ampliar a discussão sobre os temas, em suas respectivas Casas, cobrando uma posição da Petrobrás.
Segundo o coordenador geral do SINDIPETRO-RN, José Araújo, o número de trabalhadores empregados em empresas terceirizadas da Petrobrás na região já caiu quase à metade. “Há dois anos, eram perto de oito mil; hoje, são apenas 4.400, com tendência a diminuir ainda mais”. O fenômeno, segundo Araújo, é consequência da mudança de orientação que vem sendo imposta à Companhia, desde a posse da atual presidente, Graça Foster. Ele explica que “os investimentos em campos terrestres estão sendo reduzidos para que os recursos, inclusive humanos, possamser maciçamente concentrados nos campos do Pré-sal, que são mais lucrativos”.
Desdobramentos
Em âmbito local, as consequências da retração nos investimentos da Petrobrás não se restringem aos setores integrantes da cadeia produtiva do petróleo. Além do retrocesso nas atividades relacionadas à sondagem e perfuração, construção civil e metalurgia, denunciadas pelos dirigentes sindicais presentes ao Ato Público, outros segmentos econômicos que exercem papel complementar e de apoio estão sendo afetados.
É o caso do transporte rodoviário, comércio, hotelaria, asseio e conservação, e do preparo e fornecimento de alimentação. Segundo depoimentos de empresários locais, esses e outros setores estão registrando diminuição de faturamento, e algumas empresas poderão fechar, tornando ainda mais grave o panorama atual.
A sociedade, no entanto, não parece disposta a assistir a tudo passivamente. Afinal, petróleo e gás respondem por quase metade do PIB industrial norte-rio-grandense, com peso ainda maior na região oeste do Estado. No mesmo dia em que o Ato Público foi realizado, a Câmara Municipal de Mossoró promoveu a maior Audiência Pública de sua história, para debater “A retração dos investimentos da Petrobrás na cadeia produtiva do petróleo em Mossoró e região”.
Fonte: Sindipetro