A medida liminar que suspendeu o reajuste de 7% no preço das passagens de ônibus de Porto Alegre – e cujo valor retornou aos R$ 2,85 a partir desta sexta-feira (5/4) – foi considerada pelo presidente da CTB-RS, Guiomar Vidor, como uma vitória da mobilização popular.
“Graças aos estudantes e trabalhadores que protestaram em três manifestações na capital, a Justiça foi sensível aos apelos da multidão que tomou conta das ruas. Essa é mais uma comprovação de que a população não deve se submeter e, democraticamente, manifestar em atos públicos o repúdio às decisões de gabinete”, disse Guiomar Vidor.
O presidente da CTB-RS citou dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que comparou o reajuste das tarifas com a inflação acumulada de 1994 até 2012. Nesse período, o INPC/IBGE registrou uma inflação de 281,31%, enquanto o reajuste das tarifas de ônibus em Porto Alegre foi de 670,27%. Ou seja, as tarifas tiveram um reajuste de 102,01% acima da inflação.
O impacto dessa decisão afeta não só a população da capital, mas os moradores que residem na região metropolitana e trabalham em Porto Alegre e, sobretudo, o conjunto de trabalhadores que não contam com nenhum subsídio para a compra das passagens, como os que não possuem carteira assinada. Conforme informações da Pesquisa de Emprego e Desemprego de Porto Alegre (PED-POA) no ano de 2012 eram 378 mil trabalhadores nessa condição, além de 133 mil desempregados na região metropolitana, fato que pode inviabilizar a busca por um trabalho, trazendo impactos sociais inestimáveis.
Outro dado que desmente as justificativas de aumento proposta pela Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP) é o poder de compra dos próprios motoristas de ônibus das empresas. “Em 1994, o salário de um motorista comprava 1.184 passagens e em 2012 só podia comprar 610 passagens. Significa que o valor das passagens cresceu 94,1% a mais que o valor do salário dos motoristas”, concluiu o presidente da CTB-RS.
Fonte: CTB-RS (foto: Jackson Zanini / Correio do Povo)