Para líder das Mães da Praça de Maio, novo papa é fascista

A líder do movimento social argentino Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, se manifestou de forma discreta após a eleição de Jorge Bergoglio como o novo papa: “Amém”, disse nesta quarta-feira (13). Seis anos atrás, no entanto, suas palavras a respeito do religioso foram mais contundentes, definido por ela como “fascista”.

“Cúmplice da ditadura”, “ralé” e “lixo” foram outros termos utilizados pela lutadora argentina, em entrevista resgatada pela imprensa de seu país. O texto falava da necessidade de “cicatrizar as feridas do passado”, criticando diretamente o papel do então arcebispo de Buenos Aires.

Familiares também criticam

Pouco depois do anúncio do novo Papa Francisco, fizeram-se ouvir as vozes dos familiares das vítimas da ditadura que reprimiu os argentinos entre 1976 e 1983. Graciela Yorio, irmã de um dos sacerdotes jesuítas sequestrado e torturado pela ditadura, não escondeu a indignação e repetiu a denúncia de que Bergoglio é o “autor moral” do sequestro do seu irmão, o sacerdote jesuíta Orlando Yorio. Ele foi raptado e torturado juntamente com outro jesuíta, Francisco Jalics, durante cinco meses num dos principais centros de tortura do regime de Videla, situado na Escola de Mecânica da Marinha.

O novo papa Francisco era o superior direto de Orlando, conta a irmã ao jornal “O Globo”, acusando-o de não o ter protegido. “Como o meu irmão e Francisco Jalics não seguiram os conselhos de deixar de viver numa favela, foram expulsos da congregação pelas pressões da ditadura, que achava que eram subversivos, e posteriormente presos”. Os dois sobreviveram às torturas e partiram para o exílio depois de libertados.

Graciela recordou ainda a visita de Bergoglio à família logo após o sequestro: “Ele disse-nos que sobre Orlando não se falava mais, dando a entender que ele estava morto. Ficámos com a sensação de que ele os entregou. Quando o meu irmão e Francisco foram soltos, telefonaram para Bergoglio e ele disse-lhes que não podia ajudá-los”, conta Graciela, que pretendia apresentar no tribunal de Buenos Aires novas testemunhas para a descoberta da verdade. Mas com a notícia da escola de Bergoglio para papa, “estamos destruídos, o processo não poderá mais avançar”, lamenta.

Com informações do Esquerda.net


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