Os desafios do trabalho e seus reflexos na vida mulher foi um dos temas abordados no Encontro de Mulheres Metalúrgicas de Betim (MG), promovido pelo Sindicato no último domingo (10), no Clube dos Metalúrgicos.
Coordenado pela secretária-geral da entidade, Andréa Diniz, e pelo Departamento de Formação, o encontro contou com a presença de Celina Arêas, da Secretaria de Formação e Cultura da CTB; Raimunda Leone, da Secretaria de Mulheres da Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal); e da deputada federal Jô Moraes (PCdoB/MG).
Dezenas de mulheres, algumas delas acompanhadas dos filhos e companheiros, também prestigiaram o evento. Para que as mães pudessem acompanhar o debate com tranquilidade, o Sindicato providenciou uma creche para as crianças. Antes da abertura da reunião, as trabalhadoras foram recebidas com um café da manhã. No encerramento da atividade, também foi servido um almoço de confraternização.
Palestras
A dirigente da Fitmetal, Raimunda Leone, falou da luta da mulher pela sua emancipação e da origem do 8 de Março – Dia Internacional da Mulher. Para ela, as mulheres precisam se organizar e um dos caminhos é se aproximar do sindicato.
“Através do sindicato, é possível à mulher debater suas questões específicas, levantar suas bandeiras, ver quais são seus problemas no local de trabalho e, a partir daí, traçar políticas que possam intervir dentro do processo da luta pela ampliação de direitos e combater as discriminações no âmbito do trabalho”, afirmou.
A representante da CTB, Celina Arêas, abordou as dificuldades enfrentadas pelas mulheres, seja em casa, na sociedade ou no trabalho, como a discriminação e a violência. Na sua palestra, as participantes tiveram a oportunidade de listar os principais problemas enfrentados no dia-a-dia e de propor soluções.
“Já participei de diversos encontros de mulheres aqui no Sindicato. Mas, desta vez, saio convencida de que as mulheres estão cada vez mais interessadas em participar da vida do movimento sindical”, disse. Segundo Celina, os problemas enfrentados pelas mulheres não são resolvidos em apenas uma palestra.
“Com encontros como este, nosso objetivo é fazer com que as mulheres sintam que são capazes e precisam ocupar os espaços de poder, seja no sindicato, no partido político ou no dia-a-dia, pois temos certeza de que somente chegaremos a uma sociedade socialista no dia em que nós, mulheres, estivermos emancipadas juntamente com nossos companheiros homens”, acrescentou.
A deputada federal Jô Moraes parabenizou as metalúrgicas que atenderam ao chamado do Sindicato e compareceram ao Clube em pleno domingo para participar do encontro. “Fico feliz em ver que algumas mulheres, com todas as dificuldades, vieram e trouxeram seus filhos. A luta da mulher não é fácil, mas, com todas as adversidades, é possível conquistarmos cada vez mais espaços na sociedade”.
De acordo com a deputada, além de participar do Sindicato, para avançar nas conquistas a mulher também tem que estar no centro do poder político, como nas prefeituras, câmaras municipais, assembleias, Congresso Nacional e mesmo na presidência da República.
Participação
Trabalhadoras de diversas fábricas da base participaram do encontro, como a metalúrgica Zumairy de Lima Custódio Marçal, 40 anos. “O que me chamou mais a atenção neste debate é que não devemos abrir mão dos nossos direitos e que devemos lutar por eles sempre. Na empresa em que trabalho, tudo o que conquistamos foi através da luta das mulheres com o apoio do Sindicato”.
Operadora de Máquinas, Maria Laudionor Xavier, 45 anos, participou de uma atividade promovida pelo Sindicato pela primeira vez. “Achei as palestras muito interessantes, pois ajudaram a nos conscientizar de que somos capazes e temos condições de ocupar cada vez mais espaços na sociedade e de sermos mais respeitadas e valorizadas profissionalmente”.
Vanessa Garcia Braz, 30 anos, operadora de produção que sempre acompanha os trabalhos do Sindicato, considerou o encontro um dos melhores. “Foi um momento muito proveitoso, em que tivemos a oportunidade de ouvir e falar sobre as dificuldades específicas enfrentadas no chão de fábrica. Como foi dito no vídeo exibido no encontro, nós só queremos o nosso direito”.
Para a secretária-geral do Sindicato, Andréia Diniz, o evento foi bastante produtivo, tanto pela qualidade das palestras quanto pela participação das trabalhadoras. “Sabemos que não é fácil para a mulher trabalhadora, que só tem o domingo para cuidar dos afazeres domésticos e da família, sair de casa neste dia. Mas, o resultado muito positivo”, afirmou.
Segundo a diretora do Sindicato, o desafio é dar continuidade ao debate. “Vamos tentar promover mais encontros como este e reforçamos, desde já, o convite para as mulheres participarem mais dos encontros promovidos pela entidade e se apropriarem das reivindicações, pois temos muitos desafios a enfrentar. O setor metalúrgico ainda é tido como muito masculino. Mas nós, mulheres, fazemos parte dele e temos que mostrar nossa cara”, concluiu Andreia.
Fonte: Sindimetal Betim