Greve dos trabalhadores na Alcoa segue forte no segundo dia, sem acordo entre a direção da empresa e os representantes do STIEMNFOPA – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas de Minerais não Ferrosos do Oeste do Pará, com sede em Porto Trombetas, no município de Oriximiná-PA.
As negociações ocorriam desde o início de janeiro, quando o Sindicato protocolou a pauta de reivindicações que a categoria aprovou em assembléia. A última tentativa de resolver as pendências trabalhistas na mesa de negociação ocorreu no dia 4 de março, mas terminou sem acordo e, no final da assembléia realizada no início da noite, foi deliberada a greve por tempo indeterminado.
Após sete anos de operação na cidade de Juruti, esta é primeira greve dos trabalhadores da empresa. Em documento divulgado pela empresa, a Alcoa afirma que, com a greve, as negociações estão interrompidas, sem previsão de retorno antes da próxima-data base da categoria que é em janeiro.
O presidente do Sindicato, Jair Cohen, afirma que “a categoria quer aumento real para os salários que estão congelados há três anos, sendo o mais baixo do ramo, e a reposição das perdas salariais com o índice de 19,5% e a Alcoa quer reajustar os salários com o índice de 6.2%. Mas o que tem dificultado as negociações é que a recusa da empresa em cumprir a Lei que determina o pagamento da hora “in itinere” no valor de 100% das horas realizadas. Hoje a empresa paga apenas 70%.”
“A categoria não vai abrir mão de um direito e o Sindicato quer, também, que a Alcoa garanta o fornecimento de passagens para os trabalhadores em folga ou férias, pois muitos deixam suas famílias em outras cidades da região para trabalhar na empresa”, concluiu o presidente do STIEMNFOPA.
Lucro crescente, Salário decadente!
Cenário positivo no mercado da mineração não traduz melhores condições de vida aos trabalhadores.
A Alcoa é líder mundial na produção de alumínio primário e transformado, e a maior mineradora de bauxita e refinadora de alumina do mundo.
A Alcoa Alumínio S.A. integra a Alcoa Inc, com atuação em 30 países tem mais de 60 mil trabalhadores.
Nos Estados Unidos, a siderúrgica americana da Alcoa divulgou o balanço financeiro do último trimestre do ano passado, revelando que obteve lucro operacional de US$ 242 milhões. O ganho correspondeu a US$ 0,21 por ação, acima do esperado pelo mercado financeiro.
No Brasil, a Alcoa atua em toda a cadeia produtiva do alumínio, desde a mineração da bauxita até a produção de produtos transformados, possuindo seis unidades produtivas e três escritórios distribuídos no Maranhão, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Santa Catarina, São Paulo e Distrito Federal.
A empresa tem ainda participação acionária em quatro usinas hidrelétricas: Machadinho e Barra Grande na divisa dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul; Serra do Facão em Goiás; e Estreito, entre o Maranhão e Tocantins.
Em 2011, a empresa produziu 3.8 milhões de toneladas de bauxita e registrou faturamento de R$ 2.5 bilhões.
Em 2012, em apenas um dia (20/01), os trabalhadores da Alcoa produziram 18.067 toneladas, fechando o ano com 4 milhões de toneladas.
Apesar do cenário de um mercado altamente favorável para a Alcoa, nada disso tranquiliza a vida dos trabalhadores que lutam pela valorização dos salários e por benefícios sociais que nada representam em custos financeiros para a empresa.
Em recente evento o Presidente e CEO mundial da Alcoa, Klaus Kleinfeld afirmou ao receber um prêmio: “incluímos metas significativas em nossos sistemas de operações, remuneração e recursos humanos para impulsionar o progresso”.
Os trabalhadores reivindicam que as metas de remuneração sejam negociadas e aplicadas nos salários, e denunciam que, grade parte do lucro crescente da empresa, está na redução de custos, com terceirização dos serviços e desvalorização dos salários.
Apoio à luta dos trabalhadores da Alcoa
A luta dos trabalhadores da Alcoa em defesa dos seus direitos conta com o apoio de duas centrais sindicais, CTB e CUT, do Sindicato dos Servidores Municipais de Oriximiná e dos Sindicatos que representam os trabalhadores da Alcoa em Poços de Caldas – MG e São Luís – MA.
Entidades de classe, comerciantes e representantes populares do “Movimento Juruti no Limite”, formado por empresários de vários ramos, manifestaram solidariedade aos trabalhadores da Alcoa, e reivindicam que a empresa valorize os empresários da cidade, pois as compras são realizadas em outras cidades, e a contratação de mão de obra local.
Em Juruti Velho, município de Juruti, a Aconjuve – Associação das comunidades de Juruti Velho denuncia que muitos impactos ambientais da empresa não estão sendo devidamente considerados nos s relatórios e querem negociar suas reivindicações específicas com a empresa.
O que é bauxita
É um minério usado na produção de alumínio. É no Pará que tem a maior concentração de bauxita do país, representando 85% da produção nacional. As maiores mineradoras que atua no Oeste do Pará é a Alcoa e Mineração Rio do Norte, localizada em Porto Trombetas, no município de Oriximiná.
Secretaria de Comunicação do STIEMNFOPA – Jornalista Flaldemir Sant’Anna de Abreu