O segundo dia de trabalho do 11º Congresso da Contag foi marcado pela visita da presidenta da República, Dilma Rousseff. Nesta terça-feira (5), mais de 2.500 delegados e delegadas receberam-na com entusiasmo no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Apesar do clima amistoso, Dilma e os ministros que compareceram ao evento não deixaram de receber críticas e cobranças relacionadas às políticas do governo federal para o campo brasileiro. Como resposta, os trabalhadores e trabalhadoras rurais ouviram da presidenta que a reforma agrária será acelerada em todo o país.
“Quero fazer aqui uma promessa: temos agora condição de fazer uma aceleração no processo de distribuição de terras. Para isso, quero dizer pra vocês que queremos as pessoas cadastradas, pois mesmo recebendo a terra, ela também tem direito ao Bolsa Família e aos outros programas sociais do governo”, afirmou Dilma.
Antes, coube ao presidente da Contag, Alberto Broch, explicitar o tom cortês com o qual toda a diretoria recebeu a presidenta, afirmando que todos entendiam “vosso gesto em visitar o Congresso da Contag como um compromisso com a causa dos trabalhadores rurais”. Em seguida, Broch lembrou que a trajetória de 50 anos da entidade foi marcada por “independência, autonomia e capacidade crítica” em relação aos governos, como forma de dar “continuidade ao verdadeiro papel sindical da Contag”.
Broch citou diversas conquistas obtidas pelos trabalhadores rurais nos últimos dez anos, mas destacou que a Contag não pretende parar de criticar o governo sempre que sua base assim se manifestar. “Não iremos parar enquanto houver pobreza, desigualdade e injustiça no campo. Continuaremos indo às ruas com o Grito da Terra, a Marcha das Margaridas e outras mobilizações para conquistarmos novas políticas públicas para o campo”, afirmou. “Continuaremos denunciando o modelo agrário injusto e insustentável caracterizado no agronegócio, um modelo perverso, contrário ao modelo de desenvolvimento que queremos para o país”, completou.
Estrutura agrária
Ainda antes do anúncio de Dilma, Broch falou que a Contag não descansará enquanto o governo demonstrar claramente seu compromisso com a reforma agrária. “Vamos defender de forma intransigente a realização de uma ampla reforma agrária. Temos que fazer as duas coisas: qualificar os assentamentos e lutar para que o Brasil perca o título de ser um dos maiores latifúndios e concentrador de injustiças no campo”, destacou. Nesse sentido, o dirigente lembrou que “reconhecemos as medidas do vosso governo, porém achamos que são insuficientes”.
Ao falar sobre seu compromisso com a reforma agrária, Dilma pediu ajuda à Contag, no sentido de cadastrar todas as famílias que precisam de terra. “Existe uma miséria invisível no país e precisamos buscar as famílias que não sabem que têm direito aos programas sociais. Trata-se de um direito do povo brasileiro” afirmou. “Queremos que os nossos assentados tenham condição de viver daquela renda. A terra precisa ser produtiva. Não podemos colocá-los em qualquer terra. Vou acelerar [a distribuição de terras], mas com terra de qualidade. E quero que vocês me ajudem em uma coisa: quero todos cadastrados. Eu preciso de vocês e gostaria que todo mundo aqui fizesse a sua parte”, salientou.
Elogios à Contag
Após fazer o anúncio, Dilma destacou a trajetória de lutas da Contag, que em 2013 completará 50 anos. Para ela, trata-se de “uma proeza que deve ser respeitada e imitada por outras organizações do movimento social”. A presidenta disse ainda que a Contag “tem um papel estratégico na conformação, tanto da democracia quanto no desenvolvimento social e econômico do país”.
8 de março
Ao lembrar-se do Dia Internacional da Mulher, a ser comemorado na próxima sexta-feira, a presidenta também destacou o papel das trabalhadoras rurais para o desenvolvimento do país. “A Contag sempre foi representar os direitos da mulher no campo. A Marcha das Margaridas é um grande exemplo. Isso é muito importante, pois ela com isso demonstrou seu compromisso com a igualdade de gênero. Tenho certeza de que a mulher protagonista é essencial no país”, disse.
De Brasília,
Fernando Damasceno – Portal CTB
Foto: Agência Brasil
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