A fraude desfila, mas aos heróis nem o sol se permite

A direita brasileira se assanha mais uma vez. Galopa agora serelepe, o pônei rosa que lhe parece ser a turnê internacional  (12 países!) da blogueira made in USA desde Cuba, Yoani Sánchez. Seguindo um roteiro que promete virar moda, o Partido da Imprensa Golpista promove hostilidades contra as embaixadas de Cuba e Venezuela, “denunciando” “movimentações políticas” que, num crescendo, tornam-se factoides de suposta ingerência dos países irmãos no Brasil. Impressionante o ódio contra a integração latino-americana, as relações políticas entre os povos do sul, contra a sincera amizade entre Brasil, Cuba e Venezuela.

Basta comparar a seletividade do patriotismo do PIG. Não é a mesma imprensa que nos vende uma “eleição” no Vaticano? A que quer nos fazer sentir em Nova Iorque com suas aulas de imbecilização e elogio ao “american way of life? Não é a que se associou à embaixada estadunidense e aos generais golpistas que derrubaram João Goulart em 1964?

Assim, sua “indignação” é afetada e falsa como o mito que se intenta construir em torno da blogueira mais querida do Departamento de Estado em solo cubano. O problema é esse, e não outro. Eles têm de criar uma cortina de fumaça em torno das seriíssimas evidências de fraude, manipulação, mercenarismo e bobagem que cercam um excelente invólucro, mas com um produtinho bastante conhecido em terras latino-americanas e caribenhas: o vendido ao imperialismo.

A blogueira é contra a Revolução Cubana, mas a favor da direita latino-americana e do Departamento de Estado. É figurinha tarimbada na Seção de Interesses Norte-americanos na ilha, e sua independência e patriotismo são os da potência estrangeira que trama, paga, ataca e bloqueia seu país. Aí sim, em Cuba, há ingerência, mas o PIG não se indigna com isso, tem uma dupla moral descarada.

A credibilidade e boa fé de Yoani já foram repetidas vezes desmontadas pelas evidências toscas de farsa. Por exemplo, em 2009 teria feito um pedido de entrevistas aos presidentes Raúl Castro e Barack Obama. O mundo se maravilhou com o Obama gente boa a responder a jovem rapidinho. E Raúl não respondeu, acredita? Nem uma coisa, nem outra: as respostas foram do Departamento de Estado, e a própria Yoani disse ao diplomata estadunidense que nunca enviara ao presidente cubano questionário algum. Que “danadinha”, não é? Só não contava com o Wikileaks…

E isso fora a quantidade de dinheiro que afluiu generosamente para a jovem. Nababescamente premiada, acumula um Ortega y Gasset e recebeu já mais de 300 mil dólares através dessa sorte de expediente. Seu talento é incomum em Cuba: atacar seu próprio país fazendo cara de santa com a botija cheinha de dinheiro.

Seu “blog” é uma máquina de guerra midiática invejável, muito longe das lamúrias com que descreve suas “limitações” de acesso à internet – sem denunciar o bloqueio sofrido por Cuba. Traduzido em mais de duas dezenas de línguas, hospedado no portal de serviço GoDaddy, usado pelo Pentágono para promover a cyberguerra, tem uma estrutura de comunicação que bate o Granma, o jornal mais importante de Cuba. Isso fora os robozinhos que bombaram seu twitter… E mais uma vez, mente, mas não colou, ao dizer que seu blog era bloqueado em Cuba, diante do jornalista francês Salim Lamrani.

Aliás, o professor não a pegou na mentira apenas uma vez. É risível como a sua história de “sequestro” de 25 minutos – como?! Isso, 25 min… A versão de“tortura” e o “espancamento” não resistiu a duas, três perguntinhas tranquilas de um bom jornalista interessado na verdade, que não é mercadoria tão lucrativa para a blogueira membro da Sociedade Interamericana de Imprensa, articulista dos jornais mais famosos – e nem sempre escrupulosos -, mas, sempre, inimigos viscerais de Cuba.

Então, celebrar Yoani é aplaudir suas mentiras e patrões, e jamais a defesa de liberdade ou direito humano algum. Para quem tem um pingo de vergonha alheia evidencia-se a fraude, o produto, a máquina caça-níquei que se esconde por trás do sorriso, falso como uma nota de três dólares.

Que diferença para Julian Assange e o Wikileaks, que desmascarou a relação da jovem com os inimigos declarados da independência de seu país! Longe da badalação que merece a colaboradora dos EUA contra a pequena e valente Cuba, Julian Assange está refugiado desde junho de 2012 na embaixada do Equador, que quase foi invadida (!!!) pela polícia britânica – e viva a coragem do presidente equatoriano Rafael Correa e à solidariedade!

Longe dos prêmios em dinheiro, vimos o bloqueio de todas as maneiras de pagamento dos serviços que ofertava legalmente em seu site. Vimos o verdadeiro bloqueio do Wikileaks, que não poderia ser acessado nem em Cuba, nem em lugar nenhum do mundo, pela ação de quem controla de fato o fluxo da internet mundial. Salvo outra vez foi o portal pela solidariedade de ativistas hackers de todo o mundo. Vimos como foi estranho o circo montado para denegrir a pessoa Julien Assange, buscando que fosse considerado um estuprador, história mal contada, com sérias evidências de armação por anti-castristas suecos.

Essa é a diferença. Yoani nada tem com direitos humanos e liberdade de imprensa. Mas tem tudo a ver com os maiores inimigos dos direitos humanos e com fanáticos pela liberdade dos donos das empresas jornalísticas. Ela priva de relações nas altíssimas rodas inimigas de Cuba, e em seu giro por doze países, nada faz que não seja a seu serviço.

Quem luta pela liberdade mesmo é alvo; dificilmente tem o reconhecimento, a promoção, a blindagem e a companhia do que há de pior na humanidade. Julian Assange sim, é um lutador pela paz, pela verdade, pela liberdade, uma pessoa que honra a humanidade com seu exemplo. Os cubanos antiterroristas presos nos EUA todos os dias são torturados pela tentativa de corrupção que se lhes oferta: abandonar a verdade pela sua soltura. Essas pessoas e Cuba padecem, dão exemplos de destemor e integridade. Por isso merecem toda a perseguição dos ricos e poderosos. Mas contam com a simpatia, o amor, a gratidão dos povos, porque padecem hoje pelo sonho comum que partilhamos. Quanto a Yoani, rótulo e a embalagem não enganam a corrupção do produto. É gringa, descaradamente.


Paulo Vinicius Silva é secretário da Juventude Trabalhadora da CTB.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.