As forças do povo se movimentam e refletem desde fins de 2012 sobre seu papel na situação política vivida pelo país.
Diante dos tormentosos e sórdidos acontecimentos do segundo semestre de 2012, os movimentos sociais, trabalhadores e trabalhadoras, a juventude e os estudantes, o movimento feminista, comunitário e os partidos que sustentam os imensos avanços que o nosso país tem vivido, todos tem refletido sobre os dilemas, os limites e os riscos que corre o Brasil diante do desespero e do golpismo que sempre animou a elite brasileira.
Se ficou evidente a dupla politização do julgamento da ação penal 470 pelo STF, seja pelo mérito, seja pela sincronia que a fez “coincidir” com as eleições municipais, os acontecimentos seguintes não foram menos ilustrativos do roteiro da nau desgovernada da oposição, desiludida ante suas diáfanas possibilidades eleitorais.
Primeiro em seu ódio contra Lula, atacado por mentiras e por tramas que visam a anulá-lo por vias jurídicas, tentando repetir o episódio de 2012. A venda de uma “crise” no setor elétrico teve clara intenção de sabotar a economia, muito mais que desgastar o governo. Também no quesito econômico, é indisfarçável o desejo oposicionista de que o Brasil padeça consequências nefastas diante da crise capitalista.
Agora, a oposição quer calar até a Presidenta da República.
De onde vem uma tão baratinada sanha virulenta? A Presidenta da República falou com firmeza porque se assenta em realizações de grande calado que mexem com os fundamentos do pacto que beneficiou os sócios do neoliberalismo desde os anos 90. A queda dos juros, o protagonismos dos bancos públicos, o apoio à indústria, o intento de avançar na qualificação profissional, as sinalizações que apontam para uma unidade de estudantes e governo na busca por uma expansão massiva da educação pública, o estímulo à pós-graduação (em número de bolsas e no exterior) a frustração da urucubaca anti-patriótica contra a Copa do Mundo, a redução da luz para a população e para as empresas, tudo vai se passando diante dos olhares incrédulos dos parasitas que não mandam mais no Brasil. E o primeiro mandato de Dilma vai ganhando nitidez quanto ao seu propósito de desenvolver o Brasil.
A despeito dos erros e inconsistências que tem marcado o diálogo frágil de Dilma com os movimentos sindicais e dos trabalhadores, é inegável a justeza de muitas das ações em que busca caminhos que preservem o Brasil dos efeitos da crise gerada pelos patrões dos rentistas locais. Ações que criem um ambiente favorável à produção e ao emprego, e não à permanente bacanal em que um quisto parasitário vampiriza quem trabalha e produz, gestado na negociata que trocou inflação pelos juros mais altos do mundo, o paraíso rentista que o Brasil se tornou.
Com o pronunciamento de Dilma, ela fechou com chave de ouro várias de suas atitudes concretas: disse à população que há dois lados, que há uma luta política em curso. Não é todo dia que isso acontece. E agora?
São tantos os sinais que uma natural convergência das forças populares se vai ampliando. O Congresso da CONTAG ocorrerá de 4 a 8 de março, em Brasília, num quadro de paralisação da Reforma Agrária. Afinal, em 2012 foram apenas cerca de 21 mil assentamentos, o menor número desde Lula. Por outro lado, o movimento sindical retoma a Agenda da Classe Trabalhadora aprovada por 25 mil trabalhadores e trabalhadoras no Pacaembú, preparando uma Marcha Unificada das Centrais a Brasília no dia 06 de março. De outro, uma ampla coalização de juventudes estudantis, dos movimentos sociais, políticas e sindicais vem se reunindo e prepara uma Jornada de Lutas Unificada da Juventude de 25 a 29 de março, com a pauta dos 10% do PIB para a Educação, da Democratização da Comunicação, dentre outras.
Se claramente as forças da direita conspiram contra a democracia e o país, é a hora de os responder à altura. Já pensou a força de todos os movimentos nas ruas num inesquecível março de lutas!? Pois está em curso essa tessitura das forças vivas da Nação. No horizonte, as forças do povo prometem vir caudalosas como as águas de março para lutar pelo aprofundamento das mudanças no Brasil!
Paulo Vinicius Silva é sociólogo, bancário e secretário da Juventude Trabalhadora da CTB.