Investir no desenvolvimento do Brasil como educação, tecnologia e na indústria de manufatura. Garantir direitos, avanços nas condições de trabalho e nos salários. Estes foram os pontos do debate do Seminário Desenvolvimento e Valorização do Trabalho, realizado pela CTB, com apoio da Fecosul, dentro da programação do Fórum Social Mundial Temático, na última quarta-feira (30).
Guiomar Vidor, presidente da Fecosul e da CTB, que abriu o seminário falou da comoção do Estado e a nível mundial, em relação a tragédia ocorrida em Santa Maria. Assim como das mais de 100 famílias desabrigadas em uma vila de Porto Alegre devido a outro incêndio. “Estamos sensibilizados mas não podemos nos calar diante de situações como estas que colocam o capital e o lucro acima da vida”. Estes são mais alguns dos motivos que nos leva a acreditar que os trabalhadores devam ocupar mais espaços políticos e de poder, porque defendemos o desenvolvimento com valorização do trabalho e com valorização da vida dos trabalhadores”, afirmou Vidor.
O deputado federal, Assis Melo (PCdoB/RS), que estava na abertura do encontro, disse que desenvolvimento e valorização do trabalho são coisas que os trabalhadores devem discutir sim. “Que tipo de nação e país queremos? De que adianta sermos a 6ª economia do mundo e um dos piores em distribuição de renda? Os trabalhadores precisam saber que o país é grande e rico. Temos que ser protagonistas nas lutas para mudar a lógica do desenvolvimento. Não somos nós, homens e mulheres, mercadorias, a nossa força de trabalho que é a nossa mercadoria. Por isso tragédias como a que aconteceu não pode ficar em branco”, observou Melo.
Nivaldo Santana, vice-presidente da CTB Nacional, que foi o primeiro painelista chamou a atenção para o programa da central que defende o desenvolvimento com valorização do trabalho com: soberania nacional, democracia, integração latino-americana, progresso social, o estado como indutor e fomentador da justiça social, reformas estruturais, mercado interno forte, investimento de 25% do PIB, e política econômica desenvolvimentista.
O representante da Federação Sindical Mundial (FSM), o basco Igor Urrutikoetxea, falou da situação dos trabalhadores na Europa devido a crise do capitalismo no velho continente. Igor informou que o desemprego está muito alto – chega a 45% entre os jovens – e os salário e direitos estão sendo reduzidos. “Entre outras questões sociais, isto repercute na saúde dos trabalhadores gerando aumento em casos de alcoolismo, drogas, violência doméstica e contra a mulher, e até de suicídio”, relatou o dirigente europeu que chamou a própria fala de “rosário das lamentações”. Ele finalizou dizendo que os trabalhadores precisam lutar.
Já a integrante do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), doutora e pesquisadora, Denise Lobato Gentil, explanou sobre as eras da economia no Brasil. Ela discorreu sobre a situação econômica atual que está investindo em desenvolvimento social o que contribui para que a diminuição de desigualdade, mas precisa de investimento em setores da base da economia como educação, tecnologia e indústria de manufatura. “Os investimentos sociais são importantes, mas para que eles se sustentem é preciso investir basicamente na indústria de transformação que é o setor que puxa os demais como comércio e serviços. E lógico que precisamos de muito mais investimentos em educação, inovação e tecnologia para que a nossa indústria seja promissora”, destacou Denise.
Por Márcia Carvalho – Fecosul (Fotos: Marina Pinheiro)