Há oito anos morria o cantor Bezerra da Silva, vítima de uma parada cardíaca. Considerado uma espécie de embaixador de morros e favelas do Rio de Janeiro, seus sambas retratavam as angústias e dificuldades enfrentadas pela classe trabalhadora de todo o país. Ao lado de Dicró e Moreira da Silva, era considerado um dos três grandes “malandros” da música brasileira.
Bezerra da Silva morreu às vésperas de completar 78 anos. Antes de se tornar compositor e cantor, teve várias profissões e por cerca de sete anos chegou a morar nas ruas do Rio de Janeiro.
“Gravo a realidade brasileira do povo faminto e marginalizado. Cada um entende de um jeito”, disse certa vez o artista, iniciado na música pelo coco de Jackson do Pandeiro. Como ele próprio explica, sua ligação com o mundo musical se deu por causa do “medo da fome”. Diz também que a única saída que tinha era “lutar por dias melhores”, pois “tinha dias que trabalhava e não comia”. Não se cansa de afirmar que saiu do ramo da construção civil porque achava que algum dia iria “virar uma escada, um tijolo, um saco de cimento”.
Perguntado certa vez se achava que brancos não sabiam fazer samba respondeu: “isso é uma mentira, uma discriminação boba. Tudo depende da veia poética do sujeito. Você já imaginou se Deus deixasse eu fazer eu do jeito que quero, com a cuca que tenho? Eu seria verde, todo bonito. Ninguém ia ser igual a mim. Eu seria um sucesso, o cabelo de ouro, ia ser tudo comigo. Mas me fizeram um crioulo esquisito. Essa história de que branco não faz samba é mentira. E também tem crioulo que não faz samba. Artista nasce em qualquer lugar”.
Confira abaixo um de seus principais sucessos:
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Com agências