Eu não aguento mais…
Pra onde eu vou, vejo a imagem do sanguessuga do “Papai Noel”
Quem foi que disse que essa fantasia é meu pai?
Eu não nasci num bordel!?#…
Eu vou desmascarar a partir de hoje esse velho fantasmagórico
E volto a afirmar: na base do meu cordel, não conheço um coronel.
Chega o mês de dezembro
Uma coisa que não existe a minha consciência abala
Dezembro é o mês do velho picareta
Existe um culto a personalidade por este mala
Com esse bode veio fedorento
Eu estou cuspindo bala.
Quantos anos tu tens?
Seu velho imoral?
Que planeta tu habitas
Seu velho mentiroso vagal
Aliciador de crianças
No período do natal.
Você é um bom velhinho
Do mundo sobrenatural
Quantas pessoas iludiram
Neste mundo material
Seu velho pedófilo!!!
Inventado do irreal.
Este velho rabugento
Aparece num trenó legal
Se nascesse no nordeste
Andava num jumento alado magistral
Se fosse fruto da Amazônia
Voava nas asas de um bacurau.
Vendedor de ilusão
És fora do mundo normal
Tu não me enganas
Essa mentira é ocidental
Nuca me deste um presente
Velho, patife, marginal.
Igual a político vigarista
Só aparece no tempo eleitoral
Esse velho calhorda
Só aparece no período do natal
É como em fevereiro
Aparece o carnaval.
Quando chega dezembro
Ele é a figura central
Fica muito mais famoso
Do que Dilma, Obama e a misse universal
Mas famoso que você
Seu espantalho de milharal.
Está na televisão
Em tudo quanto é jornal
Está na sua cabeça
Na criança que toma gagal
O velho é esperto
Um artista fenomenal.
No mundo capitalista
Tudo está a serviço do Capital
Tudo é mercadoria
Tudo é muito normal
O consumo é que move
Este sistema perverso brutal.
Consumista é bicho besta
Compra logo uma arvore especial
Em torno faz um presépio
Nele tem tudo quanto é animal
Depois do ôba – ôba
As dividas fazem o leso passar mal.
Por causa de suas festas
Faz no meu bolso um vendaval
A mulher quer uma nova televisão
O filho um DVD do pica pau
Outra quer uma bicicleta
É uma loucura total.
É proibido usar camisinha
Está na bula papal
As mulheres são pecadoras
Filha do pecado original
Enquanto isso eu me esforço
Pra ser um maluco total.
Tem um detalhe nesse veio rabugento
Ele não é cachaceiro
Ele induz o individuo a manguaça
E fazer grandes pizeiros
No Natal é festa pra toda banda é festa para todo lado
Tudo por conta do velho fanfarreiro.
O veio é anti-futebol e racista
Sua fisionomia é de europeu loiro de olhos azuis
Pensando bem eu nunca vi um “papai” Noel negro
Ou um Noel vestido com a camisa dos urubus
Nem do Corinthians, Botafogo, Vasco, Ibes…
Pó de arroz, bambi, Palmeiras, Cruzeiro ou Santa Cruz.
Pica Pau, Superman, Homem Aranha, Capitão América entre outros
Todos eles têm um forte conteúdo ideológico que não me engana
Até as cores desses personagens
Tem as cores da bandeira americana
Prefiro cultuar nossos personagens folclóricos
Negados ao longo dos séculos por está elite sacana.
A riqueza cultural brasileira
É diversificada de valor inestimável
Advém do índio, do negro, do branco, que gerou esse povo uno
Constituída do imaginário primitivo coletivo de conteúdo adorável
Porém, querem que nós engulamos de goela abaixo
Raloin, tartaruga ninja, “papai” Noel… e os aceite de forma amável.
São mais de cinco séculos
Um povo construindo sua identidade
Uma nação multicultural
Identificada com nossa brasilidade
Mas, somos atentados e influenciados
Por lixos culturais importados sem autenticidade.
O homem é um ser cultural pleno
É o que faz se diferenciar dos outros animais
O trabalho, a língua, a consciência…
Por essas características nos classificamos racionais
Põem, o ser humano é capaz de tudo
Inclusive: de criar figuras idiotas que os imbecis chamam de culturais.
Se fui duro com o velhaco
É um protesto cultural
Contra o consumismo
Doentio e irracional
Um dos Principais responsável
Pelo aquecimento global.
Francisco Batista Pantera é professor, jornalista, poeta e presidente da CTB-RO