Muito além da reivindicação por reajustes salariais, “a luta do trabalhador deve ter como meta um projeto de nação”. A conclusão foi exposta pelo economista Érico Mineiro, durante o curso de formação sindical promovido pela CTB, seção Bahia. Dirigentes sindicais e trabalhadores de diversas categorias, da capital e interior do estado, participam da atividade, em Salvador, nesta segunda e terça-feira (03 e 04).
Na abertura, a coordenadora de Formação Sindical da CTB Bahia, Inalba Fontenelle, disse que os temas debatidos no curso levam a uma reflexão profunda da classe trabalhadora, de sua forma de se organizar e das perspectivas em torno das bandeiras do trabalho. “A nossa luta sindical tem que ter uma outra vertente e ir contra o sistema capitalista que corrói os direitos do trabalhador”, destacou Inalba, comemorando a expressiva participação dos trabalhadores tanto do setor público quanto privado.
“A CTB, mais uma vez, dá um testemunho de sua vitalidade, do seu compromisso com o movimento sindical e, acima de tudo, com a transformação deste sistema em uma outra sociedade, na qual os trabalhadores possam ter conquistas de maiores direitos”, reforçou a coordenadora.
História do sindicalismo, economia, filosofia e conjuntura política estão na programação. Números do mundo do trabalho e da economia brasileira foram apresentados pela coordenadora técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Ana Georgina Dias. Ela lembra que as relações de trabalho e as negociações coletivas são construídas, muitas vezes, com base nas conjunturas. “Principalmente, hoje, onde temos relações estreitas entre os países, não podemos desconsiderar o que acontece na conjuntura econômica e política, esta última, às vezes, influencia ainda mais. Então, é bom que os dirigentes sindicais estejam bem informados”, disse, ressaltando, também, o papel da imprensa sindical e das instituições que produzem informação para o movimento sindical.
Formados para transformar
“Saio enriquecido para fortalecer a luta. Todo dirigente sindical deve abraçar esta causa de se aprofundar no conhecimento, no propósito de poder externar isso no seu campo de ação, junto ao trabalhador”, lembra o dirigente do Sindborracha-Bahia, Hermeson Rodrigues, que acompanha o curso junto a outros 16 colegas, trabalhadores das indústrias de borracha, pneumáticos e câmaras de ar, da Bahia.
Dirigente regional da APLB Sindicato, a professora Márcia Fernandes veio de Jussara, no interior do estado, para para participar do curso. Ela acredita que a formação é fundamental para ampliar consciência social dos dirigentes e faz planos. “É muito importante que daqui possamos levar esse conhecimento para nossas bases no interior, mostrando a importância de estarmos sempre nos renovando sobre as questões socioeconômicas, pensando não só na nossa classe mas na sociedade como um todo”, reflete.
Desde a sua criação, a da CTB Bahia chama atenção para a importância da formação, mantendo um calendário anual de atividades e debates em torno das disputas que envolvem capital e trabalho. De acordo com o presidente da CTB-Bahia, Adilson Araújo, a expectativa é criar, em breve, uma escola de monitores para atender aos cerca de 300 sindicatos filiados à Central, no estado. “Já temos a proposta de um local e sonhamos com a ideia de investir nesse projeto”, afirmou Araújo.
Desta quarta até a sexta-feira (07), a CTB-BA encerra as atividades de formação deste ano com um grande seminário, abordando mídia, democracia, saúde e segurança no trabalho, além de debates bastante atuais sobre crise econômica, política industrial, energética e soberania nacional. É esperada a presença de palestrantes especialistas, tidos como referência nacional nessas temáticas.
Por Wilde Barreto (Foto: Américo Barros)