Um fato inédito alterou a rotina da capital sergipana na noite da última quinta-feira (29). Um apitaço contra a cobrança de estacionamento, promovido pela CTB Sergipe parou o Shopping Riomar, em Aracaju. Trabalhadores, dirigentes sindicais, servidores públicos, estudantes e clientes do centro de compras uniram-se no protesto que começou às 20 horas, horário de grande movimentação no maior shopping da cidade.
Os manifestantes percorreram a área interna caracterizados com nariz de palhaço, apitando e chamando a atenção da população para a cobrança do estacionamento imposta pelo Grupo JCPM, dono de dois shoppings na capital. A taxa de R$ 4 por quatro horas, mais R$ 1 por hora extra, tem que ser paga, inclusive, por quem trabalha nas lojas, nos Centros de Atendimento ao Cidadão – Ceac -, em bancos e casas lotéricas, além dos estudantes da Faculdade de Negócios de Sergipe – Fanese.
Em seguida, os manifestantes ocuparam a Avenida Luiz Gonzaga gritando palavras de ordem e conclamando a população a boicotar a cobrança. “Não podemos aceitar essa taxa. Todos nós pagamos mais caro pelos produtos e serviços prestados pelo shopping. Esse valor já está embutido nas mercadorias. Clientes e trabalhadores estão sendo penalizados”, disse Edival Góes, presidente da CTB-SE.
A entidade ingressou com uma ação na 6ª Vara da Justiça do Trabalho para que os trabalhadores do shopping fiquem isentos da cobrança. A comerciária Paloma da Silva concorda. “Nem trabalhadores nem clientes devem pagar. Por causa dessa cobrança, as vendas já caíram 70% em quatro dias”, afirmou. Waldir Rodrigues, presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado, condenou a cobrança e defendeu estacionamento livre para todos.
Thiago Dhatt, presidente da União Estadual dos Estudantes, lembrou que o terreno do Shopping Riomar foi doado pelo Estado como forma de contribuir com o desenvolvimento da cidade e fomentar o emprego. “Nós não podemos aceitar essa cobrança abusiva de quem só pensa no lucro”, enfatizou.
Diversas entidades participaram da manifestação convocada pela CTB-SE. Estiveram presentes representantes dos Sindicatos dos Bancários, Enfermeiros, Radialistas, dos Servidores Públicos, Gráficos, Comerciários, Guardas Municipais e Motoboys; das Federações dos Bancários Bahia e Sergipe, dos Trabalhadores na Agricultura, dos Radialistas e dos Comerciários, e UBM-SE.
“Esta é a resposta do povo à decisão antipática do proprietário destes estabelecimentos, que acabou se isolando em virtude de sua medida tirana. Ninguém, a não ser ele, defende esta atitude. Queremos mostrar que o que muda a lei é a ação organizada do povo. Esta é a primeira de muitas ações que virão. A próxima será no shopping Jardins”, anunciou José Souza, presidente do Sindicato dos Bancários de Sergipe (foto abaixo). Ainda de acordo com José, a nova manifestação ainda não tem data marcada.
Segundo Radamés de Moraes, representante dos estudantes da Fanese, a medida tem prejudicado o rendimento dos alunos. “Têm estudantes que pegam matéria pela manhã e pela noite, e que estão deixando de vir à aula para não pagarem a taxa. Muitas pessoas também estão deixando de visitar a biblioteca para estudar por causa disso. Estamos inibidos pelos preços abusivos”, afirma.
Radamés alega que a cobrança vai de encontro aos parâmetros legais. “Além de ser ilegal, é uma medida antissocial, por que nega a função social da propriedade. Não podemos admitir esse tipo de abuso”, salienta.
Viaturas da Polícia Militar estiveram presentes ao local para conter possíveis exaltações dos manifestantes. “Gostaria de saudar a polícia aqui presente, e parabenizar pelo trabalho. Nossa manifestação será pacífica e ordeira, mas isso não quer dizer que nós somos passivos. Estamos aqui para lutar”, destacou o presidente do Sindicato dos Radialistas, Fernando Cabral.
José Souza: primeira de muitas ações.
O presidente da CTB-SE alerta que outras manifestações virão
Parado pela manifestação, o gerente de vendas Frederico Alan expressou apoio buzinando seu veículo. “Acho válido, pois é uma garantia de que teremos isenção de taxas novamente. Inclusive por que foi uma manobra dos shoppings nesse período de final de ano para garantir mais lucros. Enquanto cliente me sinto lesado, e estou deixando de frequentar os shoppings por causa disso. Estou buzinando para me mostrar a favor do boicote”, explica.
A manifestação contou com a participação de estudantes da Fanese e da União Nacional dos Estudantes (UNE), além do Sindicato dos Bancários, Sindicato dos Radialistas, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB/SE) e Sindicato dos Servidores Públicos Estaduais (Sintrase), entre outras entidades.
Portal CTB com agências
