A seca se alastra pelo sertão sergipano. Dos 75 municípios do Estado, 12 estão em situação de emergência. Mais de 77 mil pessoas sofrem diretamente com a estiagem que castiga a região, a maior dos últimos 30 anos. “A chuva que caiu nos últimos 10 dias, em parte do sertão, não foi suficiente nem para nascer capim para o gado se alimentar. Só deu para acumular um pouco para consumo da própria família”, afirma Maria Lúcia Moura, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Sergipe (Fetase).
Os Municípios em situação de emergência são: Tobias Barreto, Canindé do São Francisco, Pedra Mole, Poço Redondo, Nossa Senhora da Glória, Poço Verde, Porto da Folha, Gararu, Itabi, Graccho Cardoso, São Miguel do Aleixo e Nossa Senhora Aparecida. Todos estão sendo abastecidos com água de carros-pipa do Governo Federal e, em dois, a água chega também em carros-pipa do Governo do Estado.
Esses Municípios já sofrem com a seca desde o final de 2011, ou seja, há mais de um ano a estiagem afeta a vida do sertanejo. Segundo Lúcia Moura, a esperança é de que volte a chover e que o capim nasça para salvar o que resta do gado. “Mesmo assim não dá para plantar mais nada. A época do plantio já passou. Se a chuva não vem na época certa, se não chega em março e abril, a gente já sabe o que nos espera. Nos meses seguintes, só vai piorando”, diz.
Lúcia critica a burocracia imposta pelo Banco do Nordeste (BNB) para a liberação dos recursos que ajudam o homem do campo. “Muitas vezes, quando o dinheiro chega, já choveu, e não dá para salvar mais nada”, enfatiza. A presidente da Fetase defende a aprovação de uma política permanente, estruturante que dê sustentação a essa população.
“Assim, essas pessoas vão poder passar por esse período, que é esperado todos os anos, sem ter que sofrer com a estiagem podendo tirar o sustento da terra onde vive”, ressalta. Para Edival Góes, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB/SE), outros bancos públicos, como o Banco do Brasil e Banese, deveriam também dar apoio financeiro às famílias atingidas pela seca.
Edival considera ainda que o Governo do Estado precisa rever e ampliar a ajuda aos agricultores familiares afetados pela seca. “É importante que essa assistência assegure ao homem do campo sua sustentabilidade durante o período da estiagem. Não dá para a agricultura familiar ficar entregue à própria sorte”, argumenta. Essa ajuda, na avaliação do presidente da CTB/SE, pode vir com a aprovação do empréstimo de R$ 727 milhões que o Governo do Estado pretende contrair junto à União.
Parte desses recursos, oriundos do Programa de Apoio ao Investimento dos Estados e Distrito Federal (Proinveste), poderá ser investido, por exemplo, na aquisição de equipamentos e máquinas para a construção de poços e cisternas que assegurem o abastecimento durante a seca.
Assessoria de Comunicação da CTB/SE