Quem se anima hoje com discursos sobre irmandade latino-americana não pode ignorar o legado de artistas como a argentina Mercedes Sosa, que cantou a unidade da América Latina desde o início de sua carreira, quando esse sonho parecia ainda mais distante.
Desse tema, além da vida e da obra de “La negra”, trata o recém finalizado “La voz de Latinoamérica”, documentário narrado por Fabián Matus, filho da cantora com o músico Oscar Matus, e pela própria Mercedes, a partir de entrevistas e imagens de arquivo inéditas. O trailer pode ser visto no vídeo abaixo.
“La voz de Latinoamérica” começou a ser rodado em 2009, quando Mercedes Sosa faleceu aos 74 anos, e passou por Argentina, Chile, Brasil, França e Estados Unidos para a realização de 30 entrevistas. O resultado são fatos, recordações e impressões compartilhados por músicos icônicos como Pablo Milanês, Chico Buarque e David Byrne, além de familiares, amigos de infância e companheiros de militância de Mercedes.
Quem dirige o longa, que deverá ser lançado em março do ano que vem, é o argentino Rodrigo Vila, diretor também de “Cantora: un viaje íntimo”, documentário que acompanha seu último trabalho musical.
“Estamos muito contentes com o que alcançamos nesse trabalho. Matus é quem idealizou o filme e está satisfeito, porque nele se vê uma Mercedes íntima. Falamos do que a fazia feliz, mas também do que lhe causava sofrimento. A expectativa é de que cause surpresa nas pessoas. Há imagens dela em seu esplendor que nunca foram vistas”, declarou Vila ao jornal argentino Clarín.
Mercedes para todos
Há 50 anos, quando ainda era desconhecida do público, Mercedes Sosa escreveu junto a outros quatro jovens artistas um texto intitulado “Manifiesto del Nuevo Cancioneiro”, no qual fala da importância de buscar uma arte de conteúdo popular e de vozes que “cantassem a Argentina”.
Indo além dos milhões de discos vendidos e dos incontáveis shows que fez pelo mundo, a cantora nascida em Tucumán deixou um forte legado social através de canções de apelo humano e igualitário, que até hoje inspiram não só a cultura musical como também política da América Latina.
Os 36 discos que gravou entre 1966 e 2005 foram lançados pela Universal em 2011 com capas, letras e musicais originais. “Minha ideia nunca foi especular com esse material. Quero que esteja disponível para todos”, disse seu filho, Fabián.
Fonte: Opera Mundi