Para contrapor a festa do Dia das Bruxas (halloween), da cultura estadunidense, e combater a postura hegemônica cultural daquele país sobre os demais, foi instituído o Dia do Saci em diversos municípios e estados brasileiros.
O ministro do Esporte, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB), apresentou um projeto de lei que institui a data nacionalmente numa tentativa de resistência à invasão das bruxas no conceito dos países anglo-saxões que nada dizem sobre o nosso imaginário popular cultural.
No entanto, o projeto foi arquivado em 31 de janeiro de 2007, quando houve a mudança de mandato e, de acordo com o regimento, a maior parte dos projetos segue para a gaveta.
Programação Brasil afora
Na cidade e no estado de São Paulo a lei vigora desde 2004, mas a primeira cidade a comemorar a data foi São Luís do Paraitinga, que prepara uma grande festa para este ano. Clique e confira programação.
Mas além de São Luís do Paraitinga, entidades e escolas em diversos municípios e estados irão comemorar a data com o objetivo de valorizar mais o folclore brasileiro.
As Associações de Pessoal da Caixa (Apcef) também que vão realizar variadas atividades. Neste final de semana Bahia e Mato Grosso a programação.
Até agora, as atividades pelo Dia do Saci foram realizadas pela associação de Santa Catarina (dia 6 de outubro) e pelas associações de Alagoas, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Sergipe (dia 12 de outubro – Dia da Criança). O evento da Apcef de Rondônia aconteceu em 13 de outubro, enquanto o da Apcef do Amapá foi realizado em 14 de outubro.
No último fim de semana, dias 20 e 21 de outubro, houve atividades em homenagem ao Saci-Pererê nas associações do Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Em Florianópolis, a celebração do Dia do Saci-Pererê será promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário Federal do Estado de Santa Catarina (Sintrajusc), com apoio do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal de Santa Catarina (Sintufsc).
O Sintufsc realiza há cinco anos, no dia 31 de outubro, a ação cultural com o intuito de defender a liberdade, a cultura, o folclore e o conhecimento popular brasileiro.
A programação, que acontece das 16h30 às 18h30, na Esquina Democrática, em frente à igreja São Francisco, se inicia com o teatro de bonecos dos artistas Inti Salazar e Misha. Em seguida o público vai se divertir com o “Avental de histórias” e a atividade “Brincando de ler e fazer arte”, com a participação do grupo que trabalha na Biblioteca do Colégio de Aplicação da UFSC.
Junto com o Saci vem também o Magrão (protagonizado pelo ator Eduardo Bolina), que é um amigão do moleque brincalhão e também defende a liberdade e tudo que é patrimônio do povo brasileiro.
Origem
O Saci-Pererê surgiu na região do Sul do Brasil e partes da Argentina, Paraguai e Uruguai, no território dos índios Guaranis, segundo a Sosaci (Sociedade dos Observadores do Saci). Não se sabe ao certo a data de seu nascimento, mas sabe-se que ele era um curumim, uma criança indígena, travesso, conhecedor e defensor da floresta.
Os primeiros registros sobre o Saci são do século 17 e de lá pra cá sofreu várias modificações, muitas feitas pelos escravos negros brasileiros. O Saci que era indígena passou, então, a ser negro, perdeu uma perna e ganhou o costume de fumar um cachimbo. E ganhou popularidade desta forma como personagem de Monteiro Lobato no Sítio do Picapau Amarelo.
De acordo com a lenda contada pelos escravos, o saci era um menino escravo que cortou uma das pernas por preferir ser um perneta livre do que escravo com duas pernas. Outros dizem que na verdade a perna do Saci é central, o que refuta a tese anterior.
O saci faz muitas travessuras e teria entre 70 cm e 77 cm e abrange características de todo povo brasileiro, considerado uma mistura de outros povos. Sua origem indígena o torna conhecedor e defensor da natureza, sua cor da pele, negra, representa o povo brasileiro, e a carapuça vermelha representaria a influência do povo europeu.
De acordo com os especialistas em saci, existe também a explicação de que o gorro era usado na Roma Antiga como símbolo do escravo liberto.
Portal CTB com agências