“Eu não digo que toda mulher gosta de apanhar. Só as normais. As neuróticas reagem”. “Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura”. “Toda unanimidade é burra”. “Todo amor é eterno. Se não é eterno, não era amor”.
Essas são algumas das inúmeras frases imortalizadas pelo sempre polêmico, e também por isso inesquecível, dramaturgo, cronista, romancista e jornalista Nelson Rodrigues, que teria se tornado centenário em 23 de agosto, e que acompanham os visitantes da exposição “Nelson Rodrigues 100 anos”, em cartaz no Centro Cultural Fiesp, em São Paulo.
Essas frases e outras 96 são escutadas por meio de alto-falantes e podem ser lidas em diferentes pontos da exposição, que já começa de modo chocante, tendo de um lado um painel informativo sobre a trajetória de Nelson Rodrigues e do lado uma cama de hospital com um corpo coberto por um lençol branco e iluminado por uma forte luz branca. Em seguida, há imensos paineis com fotografias tiradas em diferentes momentos da vida dele, mas sempre na companhia de máquinas de escrever, cigarros e suspensórios.
A partir daí, é possível conferir todos os seus livros; ver imagens de algumas das montagens mais celebradas de suas peças; ler algumas das fotonovelas escritas por ele; e conhecer o perfil de alguns de seus personagens divulgados pelas páginas de jornal e ilustrados pelo fantástico desenhista Marcelo Monteiro, como o Óbvio Ululante.
“O calendário nos diz que o homem Nelson Rodrigues faria 100 anos em 2012. Mas será possível medir em anos a eternidade de um artista? E como resumir em 140 m² – o espaço desta exposição – a dimensão de sua imensa obra? Este foi o desafio a que o SESI-SP se propôs na exposição. Aqui estão amostras raras e reais do muito do que Nelson nos deixou – imagens de sua figura física, no único e extraordinário registro em cores que sobreviveu, e de seu universo teatral, literário e jornalístico”, explica o curador da exposição, Ruy Castro, autor da magnífica biografia “O Anjo Pornográfico”. E conclui: “Sim, foi possível capturar tudo isto de Nelson em 140 m² – e provar que, ao contrário do que ele pensava, nem toda unanimidade é burra”.
Nesse sentido, se a exposição “Nelson Rodrigues 100 Anos” registra bem o que representou este homem para a cultura brasileira e deixa uma vontade por muito mais, ela também parece trazer “mais do mesmo” e transparece que seria possível explorar muito mais desse gênio da arte caso houvesse mais tempo e espaço de dedicação.
Portanto, ela vale a pena ser visitada apenas como uma abertura para que muito mais de Nelson Rodrigues seja revisitado e apresentado ao público.
Serviço
Exposição Nelson Rodrigues 100 Anos. Até 16/12. Diariamente, das 11h às 21h. Grátis
Centro Cultural Fiesp – Ruth Cardoso – Avenida Paulista, 1313. São Paulo/SP
T: (11) 3146-7406
Fonte: Rede Brasil Atual
