Um ato público em frente à Stola do Brasil – empresa do grupo Fiat, realizada na tarde da última quarta-feira (03), em Belo Horizonte, marcou o Dia Internacional de Ação, em Minas Gerais. Idealizada pela Federação Sindical Mundial (FSM), a manifestação, promovida pela CTB Minas, contou com a participação de dirigentes de diversos sindicatos da Região Metropolitana filiados à central.
“Estamos aqui nesta jornada internacional de lutas convocada pela FSM para denunciar o sistema capitalista, defender os direitos do povo e cobrar mudanças políticas”, disse o presidente em exercício da CTB Minas, José Antônio de Lacerda, o Jota, aos trabalhadores da Stola, durante a troca de turnos.
Para ele, é inadmissível que ainda hoje, com tanta geração de riquezas e todo avanço tecnológico, milhões pessoas no mundo inteiro ainda passem fome e não tenham saneamento básico. “Somente com outra sociedade, uma sociedade socialista, vamos pôr fim à exploração capitalista”, acrescentou.
Durante o ato, foi distribuído um manifesto aos trabalhadores sobre as bandeiras levantadas pela Federação Sindical Mundial no Dia Internacional de Luta, como alimentação, educação pública gratuita e de qualidade, medicamentos, moradia digna e água potável e saneamento básico para todos.
A escolha da Stola para a realização do ato se deu pelo simbolismo do grupo Fiat, um dos maiores conglomerados do mundo, disse o diretor de Comunicação da CTB Minas, Gelson Alves. “É um grupo que, no Brasil, também é conhecido pela exploração da mão-de-obra e por atentar contra a liberdade de organização dos trabalhadores e atuação dos sindicatos”, afirmou.
Luta internacional
Presente na manifestação, o presidente licenciado da CTB Minas, Gilson Reis, lembrou que, no mês de agosto, a indústria automobilística brasileira bateu recordes de produção, mas não tem recompensado na mesma medida seus empregados, que, em Minas, costuma chamar de “colaboradores”.
“Em nosso estado, os metalúrgicos estão em campanha salarial. Será que o conjunto das empresas do setor automobilístico vai retribuir aos trabalhadores, com os mesmos lucros e ganhos, por esta produtividade? Não podemos permitir que o setor automobilístico continue batendo recordes e recordes de produção e tratando os trabalhadores da forma como tem feito”.
Para Gilson Reis, a luta dos trabalhadores é internacional. “Tanto na Europa, onde milhares estão desempregados, quanto na África, nos Estados Unidos e aqui no Brasil, lutamos pela valorização do nosso trabalho, pelo reconhecimento do que produzimos. E é somente com luta, mobilização e organização que vamos avançar para conquistarmos melhores salários, condições de trabalho e dignidade para nós e nossa família”.
Importância do voto
Gilson Reis aproveitou a oportunidade para chamar a atenção dos trabalhadores sobre a importância de votar e de escolher com critério os candidatos nas eleições municipais de 7 de outubro.
“Nós, trabalhadores, que produzimos a riqueza deste país e pagamos altos impostos e taxas, temos feito a nossa parte. Mas, além disso, temos que saber escolher as pessoas que vão governar as cidades onde vivemos, trabalhamos e criamos nossa família. E ninguém melhor do que gente como a gente para nos representar. Portanto, trabalhador deve votar em trabalhador”, orientou.
Policiamento ostensivo
Antes mesmo da chegada dos sindicalistas na Stola, um grande aparato, com várias viaturas da Polícia Militar, já se fazia presente na portaria da fábrica para “proteger” a empresa. Para evitar que a manifestação, pacífica, pudesse causar qualquer prejuízo à multinacional, como atraso na entrada dos empregados e, consequentemente, na sua produção, dezenas de chefes da fábrica também se postaram em frente à portaria para receber os trabalhadores.
O diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim e Região, Narciso Penido, não se surpreendeu com o aparato policial. “Em todas as atividades que o Sindicato promove na portaria da Fiat e de suas fornecedoras em nossa base de atuação, é comum dezenas de policiais aparecerem, como forma de intimidar nossa ação e a participação dos trabalhadores. Enquanto somos vigiados como se fôssemos bandidos, a cidade acaba ficando sem a devida segurança pública”, criticou.
Por Eliezer Dias