“Luiz Gonzaga é um documento da Cultura Popular. Autoridade da lembrança e idoneidade da convivência. A paisagem pernambucana, águas, matos, caminhos, silêncio, gente viva e morta. Tempos os idos nas povoações sentimentais voltam a viver, cantar e sofrer quando ele põe os dedos no teclado da sanfona do feitiço e da recordação”. Assim o historiador, antropólogo e jornalista Luis da Câmara Cascudo descreveu o denominado “rei do baião”, que é tema de uma incrível exposição agora em cartaz na Estação Cabo Branco, em João Pessoa (PB), onde poderá ser visitada gratuitamente.
A homenagem já esteve em outras praças, como Salvador e Fortaleza, e ao todo prevê passagens por 37 pontos diferentes do país, para mostrar a riqueza e a importância de “Gonzagão” na cultura popular brasileira.
“O Imaginário do Rei – Visões sobre o universo de Luiz Gonzaga” marca também o lançamento em terras paraibanas do livro “O Rei e o Baião”, do fotógrafo e curador paraense Bené Fonteles. Entre as principais atrações, estão vídeos, fotografias, capas de discos e livros, roupas, esculturas e até um quadro com colcha de retalhos.
O fotógrafo Gustavo Moura retratou o sertão nordestino do cantor e compositor pernambucano na seção “Ser Tão Gonzagueano”. O estilista premiado internacionalmente Ronaldo Fraga desenhou um modelo dos trajes típicos dos cangaceiros, os quais Luiz Gonzaga adotou para marcar sua personalidade artística, como declarou em entrevista ao “O Pasquim”, e ajudou a popularizar ainda mais.
O artista plástico Fernando Coelho retrata Luiz Gonzaga com seu indefectível acordeom. Há xilogravuras de Francorli e Carmem, Elias Santos, Arievaldo Viana, João Pedro do Juazeiro, José Lourenço e Francisco de Almeida. E o escultor … aparece com várias peças de barro de rara beleza, retratando o próprio Gonzaga. Também são exibidos os filmes “Viva São João!”, de Andrucha Waddington; “O Milagre de Santa Luzia”, de Sergio Roizenblitz;
“O Homem que Engarrafava Nuvens”, de Lírio Ferreira; e “Luiz Gonzaga – A Luz dos Sertões”, de Rose Maria. Há também uma bela homenagem a Dominguinhos, músico e cantor que acompanhou durante vários anos Luiz Gonzaga, pelas estradas e palcos da vida. Vale a pena prestar atenção ainda nas xilogravuras que mostram Gonzaga com o filho Gonzaguinha e com o também músico e amigo Sivuca.
“No Brasil, só é nacional o popular, ou aquilo que está ligado ao popular. Teremos sempre de voltar a Gonzaga, como a árvore se prende ao chão. Ele vem do limbo onde fermenta e evolui a alma nova que estamos forjando”, declarou, certa vez, o escritor Ariano Suassuna. “Luiz Gonzaga, o cantor do exílio e dos migrantes nordestinos que se espalharam além do Nordeste, fugindo da fome, da seca e da exploração no trabalho, não é só um dos maiores intérpretes e compositores da música popular brasileira.
O Rei do Baião reinou também com o xote, o xaxado e todos os ritmos que ele ajudou a criar com uma rica poética, traduzida junto aos seus muitos parceiros. Gonzaga é também um herói popular, um ícone de seu povo nordestino que ele como ninguém retratou com verdade, originalidade e muita beleza”, completa agora Bené Fonteles.
Serviço:
Exposição O Imaginário do Rei – Visões sobre o universo de Luiz Gonzaga. Grátis
Estação Cabo Branco – 2º pavimento – Avenida João Cirillo da Silva, s/n. João Pessoa (PB)
Fonte: Rede Brasil Atual