Diante da intransigência da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), que não avançou na proposta, bancários de todo Brasil promoverão assembleia por todo país para decidir pela deflagração de uma greve no próximo dia 18.
A rodada de negociação, que durou menos de meia hora, frustrou os trabalhadores que esperavam novos avanços na mesa de negociação. No entanto, os bancos mantiveram a proposta de 6% de reajuste (aproximadamente 0,7% de aumento real) feita no dia 28 de agosto.
Além de não trazer nova proposta, os bancos descumpriram o compromisso anunciado nas negociações anteriores de montar um projeto-piloto em Recife para testar equipamentos de prevenção contra assaltos e sequestros. Nesta terça-feira, o jornal Valor Econômico publicou longa reportagem, dizendo que até o presidente da Fenaban, Murilo Portugal, já esteve na capital pernambucana tratando de segurança nos bancos com as autoridades e o Ministério Público.
Ficou definido ainda que sejam realizadas assembleias nas bases dos sindicatos na próxima quarta-feira (12/09) para decretar a paralisação por tempo indeterminado e outra no dia 17 para deflagrar a greve nacional da categoria. Além de não ampliar o índice oferecido, muito aquém dos 10,25% reivindicados pelos bancários, a Fenaban atropelou os bancários em relação ao projeto piloto de segurança apresentado pelo Comando.
Os representantes dos banqueiros já marcaram debate com a Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco para discutir a implantação do mesmo na cidade de Recife, como ficou definido na última conversa, sem consultar a categoria. Simplesmente, os bancários, os mais interessados no processo, foram excluídos das discussões.
“Infelizmente, mais uma vez, a intransigência dos banqueiros vai levar a categoria à greve para garantir seus direitos”, afirma o presidente da Federação da Bahia e Sergipe (FEEB), Emanoel Souza, presente na negociação.
Diretores têm aumento real na remuneração milionária
Para o presidente da Contraf, a postura dos bancos para com os trabalhadores contrasta com a benevolência em relação a seus altos executivos. Dados fornecidos pelas próprias instituições financeiras à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) revelam que a remuneração média dos diretores estatutários de quatro dos maiores bancos (Itaú, Banco do Brasil, Bradesco e Santander) em 2012 será 9,7% superior à do ano passado, o que significa um aumento real de 4,17%.
A remuneração total dos diretores dos quatro bancos, que inclui as parcelas fixas, variáveis e ganhos com ações, soma este ano R$ 920,7 milhões, contra R$ 839 milhões em 2011. Cada diretor estatutário do BB embolsará este ano mais de R$ 1 milhão, os do Bradesco receberão R$ 4,43 milhões e os do Santander R$ 6,2 milhões. E no Itaú saltou de R$ 7,4 milhões em 2011 para R$ 8,3 milhões este ano.
“Vejam que situação perversa temos no Brasil. Aqui estão os maiores lucros dos bancos, inclusive dos estrangeiros, e também as maiores remunerações dos executivos. Por que os salários dos bancários brasileiros estão entre os menores?”, questiona Carlos Cordeiro.
Portal CTB com SEEB-BA