Um dia após a apresentação da proposta da Fenaban, os diretores do Sindicato dos Bancários da Bahia (SEEB) estiveram nas agências de Lauro de Freitas e Itapuã, na úçtima quarta-feira (29), para reafirmar a insatisfação com o índice proposto (6% de reajuste salarial) e a necessidade de organização, unidade e mobilização da categoria.
Desde que as manifestações se intensificaram, 164 unidades foram percorridas pelos dirigentes. A tendência é ampliar as visitas que, além de estimular a combatividade dos trabalhadores, servem para atualizar a categoria sobre os passos da campanha salarial. Nesta quinta-feira (30), os diretores percorrem as agências de Porto Seco Pirajá, Fazenda Grande, Barros Reis, Detran e Cabula.
Índice insufuciente
Na última terça-feira (28), a Fenaban apresentou sua proposta que prevê 6% de reajuste (aumento real de cerca de 0,7%) para todas as verbas salariais, inclusive PLR, além de avanços em relação à saúde, à segurança bancária e à igualdade de oportunidades.
Para Emanoel Souza, presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, presente nas negociações, a proposta é insuficiente, tendo em vista que interrompe o processo de valorização do piso ao não apresentar um índice diferenciado, o aumento real de 0,66% é muito pequeno, além da falta de novidades na PLR, que será naturalmente prejudicada, tendo em vista as manobras dos bancos para aumentar a PDD (Previsão dos Devedores Duvidosos).
Em relação ao emprego, a Fenaban disse que o tema não deve ser incluído na Convenção Coletiva dos Bancários, devendo ser tratado por meio de acordos banco a banco. Os bancários querem mais contratações, fim da rotatividade, proteção contra demissões imotivadas e cumprimento da jornada de 6 horas, entre outras.
Outras demandas
O Sindicato ressalta ainda que o Comando Nacional dos Bancários sentou à mesa de negociações com a Fenaban oito vezes, sempre a espera de uma proposta dos bancos. Além das cláusulas econômicas foram debatidas as questões ligadas ao emprego, saúde, segurança e igualdade de oportunidades. Mas, em quase todas, o resultado era o mesmo: os bancos diziam não para as reivindicações.
Os bancários querem resolver a campanha na mesa de negociação, mas, para isso, a proposta tem de aparecer efetivamente. Apresentar um índice de reajuste rebaixado e não ter nenhuma resposta para outras questões fundamentais, como a valorização da PLR, do piso salarial, dos auxílios, além das demandas de emprego, saúde e condições de trabalho é muito pouco.
Combate ao assédio moral
Os bancos aceitaram a reivindicação dos bancários de rediscutir o instrumento de combate ao assédio moral previsto na Convenção Coletiva com adesão espontânea para bancos e sindicatos. Para os bancários, esse instrumento precisa ser avaliado, porque é insuficiente e precisa de ajustes. O tema será discutido nesta quinta-feira entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban, com a participação de técnicos em saúde dos dois lados.
Também será discutido nesta quinta-feira o Programa de Reabilitação Profissional (PRP). O Comando Nacional questionou os bancos sobre a razão pela qual nenhum deles aderiu ainda ao programa, que está desde 2009 na Convenção Coletiva. Pelo acordo, cuja implementação é opcional, os bancos devem instituir programas de reabilitação, visando assegurar condições para a manutenção ou a reinserção ao trabalho do bancário com diagnóstico de adoecimento, de origem ocupacional ou não.
O que está acontecendo na prática é que a grande maioria dos trabalhadores, ao retornarem ao trabalho depois de um determinado período de afastamento, é recolocada no mesmo posto de trabalho que o adoeceu, sem nenhuma mudança nas condições e no ritmo de trabalho. A Fenaban disse que os bancos estão rediscutindo o assunto e apresentarão uma posição sobre a adesão ainda durante o processo de negociação da campanha.
Garantia de salário para bancários afastados
Continuam nesta quinta as discussões sobre garantia de salário do bancário no período entre ele receber alta programada do INSS e ser considerado inapto pelo médico do trabalho dos bancos quando do retorno ao trabalho, em que ele fica hoje sem salário. A Fenaban disse que os bancos aceitam pagar o salário durante esse período, assim como nos casos de afastamento entre a licença-médica e a realização da perícia.
Também prosseguem na mesma reunião os debates sobre as Sipats. A reivindicação dos bancários é que os bancos informem os sindicatos, com prazo mínimo de 30 dias antes da realização da Sipat, a data, o tema e o local de realização.
Projeto-piloto para segurança bancária
Os bancos aceitaram a proposta do Comando Nacional de instituir um projeto-piloto conjunto para testar medidas de prevenção contra assaltos e sequestros e melhorar a segurança das agências. Eles propõem escolher uma grande cidade, definir um grupo de trabalho com especialistas em segurança e representantes do Comando Nacional e da Fenaban.
Para combater a insegurança, o Comando Nacional defende a proibição da guarda das chaves e acionadores de alarmes para evitar sequestros, fim do transporte de numerário por bancários, instalação de equipamentos de prevenção contra assaltos e sequestros (porta de segurança, câmeras de monitoramento, biombos, vidros blindados, entre outros), além de estabilidade ao empregado vítima desse tipo de violência.
Igualdade de oportunidades
A Fenaban também concordou com a proposta do Comando Nacional de realizar um novo censo na categoria bancária para avaliar se as medidas em defesa da igualdade de oportunidades, contidas nos planos de ação dos bancos após a divulgação do Mapa da Diversidade, estão produzindo resultados. Pela proposta dos bancos, o novo censo será planejado em 2013 e aplicado no início de 2014.
O Comando mostrou aos bancos que os planos de ação que os bancos instituíram unilateralmente não estão produzindo efeitos positivos, uma vez que não há negros nas agências nem programas de encarreiramento das mulheres com critérios objetivos, que evitem discriminações.
Portal CTB com SEEB (fotos: 1 – Manoel Porto e 2 – Jailton Garcia)