Na manhã desta terça-feira (24), os metalúrgicos da General Motors (GM) de São José dos Campos, interior de São Paulo, foram surpreendidos com a decisão da empresa de impedir a entrada de todos na fábrica. Até mesmo os funcionários terceirizados foram proibidos de ter acesso à empresa. As oito fábricas que compõem o complexo industrial da cidade estiveram de portas fechadas desde a madrugada.
Os trabalhadores do terceiro turno, que estavam dentro da fábrica, receberam ordens para que saíssem antes mesmo do término do expediente. Já os funcionários que iriam assumir o 1º turno receberam o comunicado da empresa nos pontos de ônibus, entregue pelos próprios motoristas. Ninguém foi levado à fábrica.
Para representantes dos trabalhadores, a atitude antidemocrática da GM se caracteriza como locaute (paralisação patronal), o que é proibido pela legislação brasileira.
A paralisação acontece no dia em que havia sido programado um ato unificado na empresa entre sindicatos e centrais sindicais e às vésperas de importantes reuniões entre a GM, o Sindicato e o governo federal.
Na opinião dos dirigentes esta atitude só aumenta a insegurança entre os trabalhadores e deixa clara a intenção da montadora em realizar uma demissão em massa a qualquer momento e impedir a resistência dos metalúrgicos.
“Estamos ao lado dos trabalhadores e lutaremos, unificando as forças, para garantir os postos de emprego da GM. Não é possível que mais uma vez a culpa recaia sobre o ombro da classe trabalhadora”, destacou Marcelo Toledo, dirigente da CTB e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul.
Insegurança
Os metalúrgicos da GM têm enfrentado um cenário de medo e incertezas com a ameaça desferida pela direção da empresa de realizar uma onda de demissões.
Nesse sentido, os trabalhadores, em conjunto com sindicatos e centrais sindicais têm participado de uma Campanha SOS Empregos, pela manutenção dos postos de empregos na fábrica. Na última quinta-feira (12), houve paralisação de advertência de duas horas.
“Vamos aumentar a pressão até que a GM garanta a estabilidade no emprego aos trabalhadores. Não dá para aceitar que a empresa seja beneficiada com dinheiro público e ainda assim faça demissões”, disse o presidente do Sindicato, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá, durante a assembleia.
No mesmo dia, em reunião intermediada pela Superintendência Regional do Trabalho, a direção da GM se negou a atender a pauta de reivindicações dos trabalhadores e alegou que “a situação do mercado” é que vai definir a situação do setor.
Há algumas semanas, a empresa anunciou a redução da produção no setor do MVA, onde são fabricados os modelos Corsa, Classic, Zafira e Meriva. Já fechou o 2º turno do setor e encerrou a produção da Zafira.
As demissões representam o descumprimento do acordo firmado pelas montadoras com o Governo Federal. Quando foi anunciado o pacote de incentivos fiscais para o setor, o Ministério da Fazenda determinou que as indústrias beneficiadas não poderiam demitir.
Na opinião dos sindicalistas o Governo Federal tem de assumir sua responsabilidade em defesa dos empregos e tomar uma atitude enérgica em relação à GM.
Ainda nesta terça-feira, os trabalhadores participam de uma assembleia, às 17 horas, na sede da entidade (Rua Maurício Diamante, 65).
O ato unificado que seria realizado a partir das 13h foi cancelado.
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Portal CTB