A greve dos técnico-administrativos das IFES

Com a deflagração da greve na base da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra), o que vemos é a disposição da categoria em defender seus direitos e lutar por melhores salários e, consequentemente, por melhores condições de vida e trabalho.

A CTB tem uma atuação importante na base da categoria participando da direção nacional da Fasubra; dirigindo 3 (três) importantes sindicatos desta base; participando em direções colegiadas em outros e tendo militantes em diversos estados de forma organizada. Atuamos na defesa intransigente dos Técnico-administrativos em Educação – TAE’s das Instituições Federais de Ensino Superior – IFES.

A marca da CTB é sempre a defesa da unidade na ação, compreendendo que as forças políticas que atuam no movimento sindical tem papel importante na garantia da democracia. Nesta greve, estamos empenhados no exercício desta prática para transpor a intransigência do governo em negociar com a categoria.

Ao término da greve de 2011, o movimento e o governo acordaram um protocolo, onde se comprometia em concluir o processo de negociação com a Fasubra até 30 de março de 2012. Passados 3 (três) meses após o prazo acordado com o governo a categoria decidiu por utilizar novamente o instrumento legitimo que é a greve.

Só em 2012 foram realizadas mais de 8 reuniões entre governo e categoria, sem que houvesse sido apresentada contraproposta por parte do governo. Muito pelo contrário, em todas as reuniões, o governo apresentava apenas “ponderações” que na prática destrói com a carreira dos técnico-administrativos em educação das IFES, um projeto que levou mais de 20 anos para ser implantado.

Em nosso entender o governo ainda não abandonou a lógica de educação para o mercado com um modelo produtivista, ao invés de adotar um modelo desenvolvimentista e estruturante, entendendo a educação como um fator de desenvolvimento e de soberania nacional. Para que a educação cumpra seu papel é necessário, além de prédios e equipamentos, de trabalhadores qualificados e bem remunerados. Hoje, os trabalhadores técnico-administrativos tem o menor piso e teto salarial do serviço publico federal.

É impossível assistir, sem reagir, a edições de medidas provisórias que destroem a lógica de um serviço publico voltado para atender as demandas da sociedade; direitos sendo retirados; aposentados que ajudaram a construir a universidade, não serem valorizados, quebrando a lógica da paridade, entre ativos e aposentados; expansão universitária, sem a menor sombra de duvida o maior programa dos últimos 20 anos, no entanto, sem a estrutura necessária para professores, técnicos e alunos e concurso públicos insuficientes para dar conta desta expansão; ausência de reposição das vagas originadas no período FHC, período em houve o maior numero de aposentadorias e demissões voluntárias da história do serviço público.

A unidade e a correlação de força interna da Fasubra é suficiente para a vitória nesta greve?

A CTB defende a unidade na ação com o único instrumento capaz de construção da vitória, porque acredita na organização da classe trabalhadora. Só assim, iremos superar as diferenças ideológicas internas para alcançar os objetivo definido pela categoria.

Mas para que isto aconteça devemos ser responsáveis em nosso cotidiano, respeitando as limitações políticas de cada força e ou pessoas e as divergências, deixando os discursos fáceis para avaliação posterior, para que as mesmas não contamine o ambiente unitário que construímos nesta greve.

Repudiamos, veementemente, as correntes que chamam alguns companheiros (as) e/ou outras forças políticas interna da Fasubra, de correia de transmissão do governo, através de discurso inflamado nas assembleias de base e informativos, quando, na verdade, são eles a correia de transmissão da extrema direita, adotando o  discurso da elite raivosa, derrotada fragorosamente nas urnas pelo povo. Afirmamos que este tipo de atitude não ajuda em nada neste momento.

Reafirmamos que nosso intuito é a unidade na ação. Para tanto, se faz necessário o distencionamento entre as forças politicas que atuam junto à categoria. Contudo, todas as vezes que ouvirmos ou identificarmos em documentos, não nos furtaremos ao combate destas ações. Acreditamos que este tipo de discurso ao invés de nos aproximarmos acaba nos afastando.
Para nós, os verdadeiros militantes da esquerda são aqueles que têm seus projetos políticos respeitados pela população e que defendem uma universidade voltada para os interesses das populações e não para uma camada seleta de pessoas.

Passados mais um mês de greve na IFES o que fazer?

Estamos vivenciando uma fase complicada de nossa greve. Até o presente momento, o governo não acenou com nenhuma possibilidade de negociação, apesar de todo o esforço realizado pelo Comando Nacional de Greve e pelas forças politicas da Fasubra. Assim, devemos intensificar nossas ações nesta semana levando o maior numero de trabalhadores possível para participarem das atividades em Brasília.  

Estaremos empenhados em aglutinar um grupo de parlamentares compromissados com a educação e com os serviços públicos, para pressionarem o governo a abrir efetivas negociações.
Não podemos nos esquecer de que fomos eleitos para defender os técnicos administrativos da IFES, no entanto, a articulação e a unidade com os demais segmentos de trabalhadores do serviço público é importante para desenvolvermos ações conjuntas em defesa do serviço público como um todo e da educação em particular, mas, devemos ter a compreensão de que cada categoria tem uma identidade e necessidades próprias e, consequentemente, uma pauta especifica, portanto, não se trata de uma greve geral do serviço público federal,  embora tenhamos um grande numero de entidades em greve.

Boa luta a todos e até a vitória!


Fátima dos Reis secretária de Serviços Públicos e do Trabalhador Público da CTB

 

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