O Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região realizou uma assembleia em frente à metalúrgica Marcopolo (unidade Ana Rech), no início da manhã desta quinta-feira (12). A paralisação de quase três horas junto aos portões da fábrica atendeu ao pedido dos trabalhadores que solicitaram a intervenção da entidade para solucionar problemas em alguns setores. Durante a assembleia, os diretores do sindicato também informaram aos cerca de 5 mil operários do turno da manhã sobre o andamento do dissídio 2012 e os convocaram a participarem da assembleia geral, que será realizada no próximo dia 21, quando a categoria deve votar nova proposta dos patrões.
Entre os problemas apontados pelos trabalhadores estão as condições insalubres a que são submetidos os operários do setor do teste d’água, que precisam ficar com as roupas molhadas por longos períodos. “Não é possível que, em pleno inverno, o trabalhador tenha que ficar exposto à umidade e ao frio. É preciso implementar alguma medida para resolver o problema”, sentenciou Leandro Velho, presidente em exercício do Sindicato, lembrando que a Marcopolo, uma das maiores fabricantes de ônibus, lucrou em 2011 R$ 344 milhões, o que representou crescimento de 16,3% em relação ao ano anterior. No primeiro trimestre de 2012 a empresa teve um lucro líquido de 78,4 milhões de reais, 3,4% a mais que o mesmo período de 2011. “Investir em condições de trabalho é uma obrigação do empregador”.
O presidente licenciado do Sindicato, Assis Melo, usou o microfone para defender melhores salários aos trabalhadores. Observou que o governo federal está adotando medidas para fortalecer a indústria nacional, reduzindo impostos e taxa de juros, além do anúncio do PAC Equipamentos, no final de junho, que beneficiará especialmente as empresas caxienses fabricantes de ônibus, retroescavadeiras, caminhões, máquinas agrícolas e ambulâncias. “O governo tem beneficiado a indústria, abrindo mão de recursos, então agora na campanha salarial é quando o trabalhador também tem que ser beneficiado”.
Assis exemplificou que a redução de impostos da linha branca não adianta nada se o trabalhador não receber um salário que lhe possibilite comprar uma geladeira ou um fogão. “Se é para equilibrar a balança comercial, também queremos equilibrar a relação trabalho e capital porque é isso que vai dar melhores condições de vida aos trabalhadores”. O líder sindical convocou a categoria a estar unida para avançar nas conquistas. “Fazemos de tudo para não entrar em greve, pois esse deve ser o último recurso. No entanto, precisamos que os patrões ofereçam um índice razoável, caso contrário, no dia 23, vamos parar as fábricas”.
O novo índice de reajuste deve ser proposto pelos empresários nesta sexta-feira (13). Na primeira etapa das negociações, o sindicato patronal propôs apenas 5%, que equivale à reposição de apenas a inflação do período.
Por Claiton Stumpf