Movimentos de luta por moradia na capital fazem amanhã (11) uma marcha contra a ameaça de despejo que paira sobre cinco imóveis da região central ocupados por famílias sem-teto. As famílias mais sujeitas à reintegração de posse se encontram nos prédios da rua Mauá, 340; avenida São João, 588; avenida Rio Branco, 47 e 53; avenida Ipiranga, 908; e Caetano Pinto.
A manifestação começa às 10h30 na rua Mauá, 340, e seguirá pelo centro de São Paulo até a sede da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), na Rua Boa Vista, passando pela Câmara e pelo Fórum João Mendes. De acordo com Osmar Silva Borges, um dos coordenadores da Frente de Lutas por Moradia (FLM) e da Central de Movimentos Populares (CMP), o protesto será dirigido ao governo do Estado.
“O objetivo é conversar com as autoridades estaduais para que intercedam e evitem a reintegração de posse, ou que, caso os despejos ocorram, que as famílias pelo menos sejam encaminhadas para algum programa habitacional”, disse. “Temos esperança de que o Estado interrompa os processo através do Decreto de Interesse Social (DIS).”
Interesse social
Osmar explica que o DIS suspende por dois anos a ameaça de despejo, mas que, por si só, não é suficiente para resolver o problema habitacional das famílias que ocupam edifícios abandonados no centro de São Paulo. O decreto é apenas o primeiro passo.
“Depois, o governo tem de investir na reforma e adaptação dos imóveis”, alerta o coordenador da FLM e CMP. “Já tivemos conversa com o Ministério das Cidades, que manifestou interesse em ajudar. Para virar realidade, o Estado deve desapropriar. E a prefeitura tem de atender as famílias até o imóvel esteja disponível.”
Osmar Silva Borges argumenta que há inúmeros imóveis abandonados no centro de São Paulo, cujos proprietários são devedores de impostos. Por isso, defende, devem ser transformados em moradia para a população de baixa renda. “É no centro que se encontram os empregos e o transporte de melhor qualidade”, explica. “A cidade deve ser pensada de forma a incluir as pessoas, e não jogá-las pra periferia.”
Remoções forçadas
A marcha deverá ainda reivindicar os direitos das famílias que estão sendo vítimas de remoções forçadas na região metropolitana de São Paulo, como o Rodoanel, a Nova Luz, o Parque Linear Várzea do Tietê e a construção de estádios para a Copa de 2014.
“Essas alterações urbanas violam o direito à moradia, garantido pela Constituição. Remoções devem ser chave a chave: a família só deixa sua casa quando tiver uma nova, em local apropriado”, diz a convocatória da manifestação. “Exigimos que as autoridades não deixem mais os interesses da especulação imobiliária se sobreporem ao direito à vida.”
Fonte: Rede Brasil Atual