A revindicação de terras por milhares de famílias camponesas da zona paraguaia de Ñacunday mantém nesta sexta-feira (06) em tensão essa região do leste do país.
A situação ficou ainda mais complexa ontem devido à decisão de umas cinco mil famílias, residentes há mais de um ano em barracas, de conceder um prazo de apenas 24 horas ao governo para a entrega de parte do latifúndio onde estão acampadas.
Trata-se de uma propriedade de mais de 30 mil hectares em poder de um cidadão brasileiro, nacionalizado paraguaio, que se nega a ceder uma parte das terras obtidas ao parecer de forma irregular.
As famílias de trabalhadores se situaram nos arredores da enorme fazenda como resposta a decisão de intervenção do Instituto da Terra durante o Governo do destituído presidente Fernando Lugo.
Tratava-se com isso de iniciar a intervenção ou compra pelo Estado de 15 mil hectares além das terras legalizadas pelo título de propriedade do mencionado latifundista.
Depois da interrupção do processo democrático no país, as possibilidades de aceder a essas terras estão mais longínquas para os camponeses, que agora exigem sua entrega imediata, ameaçando ocupar se isso não se materializa.
Alguns de seus dirigentes chegaram a Assunção para a negociação com o novo governo, mas só obtiveram uma petição para o prazo de uma semana para que o novo diretor do Instituto analise o tema.
Isso foi recusado pelos camponeses reunidos no lugar, que concederam apenas 24 horas ao governo antes de começar a marcha para o interior da propriedade a fim de se instalar nela.
No final do dia cinco de julho, as negociações continuavam com o objetivo de evitar um choque violento entre policiais e um número grande de camponeses que afirmaram estar apoiados por vizinhos de povoados próximos.
Os fatos trazem novamente à atualidade o grave problema da propriedade da terra no Paraguai, onde apenas um porcento dos proprietários acumula 77 porcento dos terrenos cultiváveis, mas mantém boa parte deles em forma improdutiva.
Fonte: Prensa Latina