Os trabalhadores do primeiro turno da Marcopolo, unidade Planalto de Caxias do Sul (RS), cruzaram os braços na manhã desta segunda-feira (02). Eles paralisaram as atividades por cerca de duas horas para participar de uma assembleia promovida pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região. Na reunião realizada na porta da fábrica, foram debatidas questões referentes à Campanha Salarial deste ano e a dificuldade de negociação com a patronal.
Durante a assembleia, o presidente em exercício do sindicato, Leandro Velho, destacou os ótimos resultados obtidos pela empresa no último ano. Conforme os balanços, a receita líquida em 2011 expandiu 13,6%, somando R$ 3,4 milhões. A empresa obteve lucro líquido de R$ 344 milhões, uma alta de 16,3% em relação ao ano anterior. No primeiro trimestre de 2012 a empresa teve um lucro líquido de 78,4 milhões de reais no primeiro trimestre de 2012, alta de 3,4% sobre um ano antes, a receita operacional líquida cresceu 15,7% e somou 880,7 milhões de reais.
Nos três primeiros meses do ano, a produção consolidada da Marcopolo em 2011 foi de 7.589 unidades, 10,3% superior ao mesmo período no ano anterior. “Para melhorar, na semana passada o governo federal anunciou investimento de R$ 8,4 bilhões no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Equipamentos. Serão comprados 8,5 mil ônibus e quem vocês acham que vai ter que produzir estes ônibus?”, indagou Velho, acrescentando que a Marcopolo deverá fornecer a maioria dos ônibus que o governo comprará.
O PAC Equipamentos também deve beneficiar outros segmentos da indústria metalmecânica caxiense. Além dos ônibus, serão adquiridos pelo governo federal oito mil caminhões, três mil tratores e implementos agrícolas, 3.591 retroescavadeiras, ambulâncias, vagões de trens urbanos, tomógrafos, equipamentos de hemodiálise e mobiliário. “Todos os segmentos da indústria metalúrgica da Serra serão beneficiados, mas eles (empresários) nunca estão contentes”. O presidente observou que o governo também exonerou a folha de pagamento em 20%, criou linhas de crédito para o financiamento de ônibus e caminhões e reduziu os juros. “O governo está implementando várias medidas para beneficiar as empresas, mas em contrapartida, os trabalhadores também precisam ser beneficiados”.
O líder sindical, que negocia a participação nos lucros da Marcopolo desde o ano 2000, comentou que a empresa impõe metas muito difíceis de serem alcançadas para diminuir o valor pago aos trabalhadores. “Até hoje nunca conseguimos atingir a chamada taxa-hora. Trabalhamos muito, dia e noite para fechar as metas impostas, mas sempre há algum limitador que eles impõe para diminuir a PLR”.
Ao final da assembleia, Velho convocou os trabalhadores para estarem mobilizados para assim garantir os direitos e um bom índice. “Precisamos nos unir e mostrar o nosso valor e eles só entendem isso quando veem as máquinas paradas”.
Por Claiton Stumpf