A partir desta quinta-feira (31) até o início de julho, a cena cultural paulistana recebe eventos gratuitos de cinema, artes gráficas e música erudita que retratam, de forma artística, o impacto de movimentos políticos – como a ditadura e o holocausto – na vida da sociedade contemporânea.
A iniciativa é do Instituto Vladimir Herzog, com apoio do Ministério da Cultura, para celebrar os 75 anos de nascimento de Vlado, jornalista que dá nome ao Instituto e foi torturado e assassinado em 1975 pela ditadura em São Paulo.
“Além de ter nesses eventos uma forma de celebrar o que representa a vida de Vladimir Herzog no cenário político brasileiro, procuramos reunir atividades gratuitas e culturais que possam contribuir para a discussão sobre a importância da memória para um povo; assunto este muito atual e necessário neste momento em que defendemos a instauração de uma Comissão da Verdade no Brasil”, afirma Ivo Herzog, diretor executivo do Instituto e filho do jornalista.
As diferentes linguagens, de filmes a concerto, passando por imagens históricas e mesa-redonda sobre os Direitos Humanos no Brasil, conterão mensagens em favor da democracia, liberdade, direito dos cidadãos à vida e à justiça e fim da violência.
As atrações têm início com a Mostra de Cinema “Memória e Transformação” e Exposição de Cartazes sobre a Anistia, exibidos na Cinemateca Brasileira e, no caso dos filmes, também no CineSESC.
Na abertura desses eventos, nesta quinta (31), será exibido o único documentário dirigido pelo jornalista Vladimir Herzog, o curta Marimbás (1963) e o filme Tire diré (1960), de Fernando Birri, mestre do documentarismo argentino, professor e parceiro de Vlado.
A Mostra Memória e Transformação apresentará 49 documentários produzidos a partir de 1950 até os dias atuais sobre o cenário sócio-político latino, com foco em obras que tratam das lutas de resistência às ditaduras militares, governos totalitários e outras formas de opressão do poder contra o povo, grupos étnicos ou minorias.
Entre os destaques: O Edifício dos Chilenos (Macarena Aguiró, 2010); Vlado, 30 anos depois (João Batista de Andrade, 2005); Nostalgia da Luz (Patricio Guzmán, 2010), entre muitos outros. A exibição desse último será em formato de aula magna seguida de debate com o diretor chileno Patricio Guzmán, em 8 de julho.
A exibição dos filmes na Cinemateca ocorrerá de 19 de junho a 8 de julho e no CineSESC, de 29 de junho a 5 de julho. O público também terá a oportunidade de conhecer, na Cinemateca, a Exposição de Cartazes sobre a Anistia, que conta com 60 expressões artísticas sobre o tema até 8 de julho.
Outra grande atração gratuita que o Instituto Vladimir Herzog traz a São Paulo é a cantata O Diário de Anne Frank, uma produção musical erudita que será apresentada pela primeira vez nas Américas na semana do aniversário de nascimento do jornalista Vladimir Herzog – dias 29 e 30 de junho e 1º de julho no Auditório do Ibirapuera. Será, ainda, a primeira vez em todo o mundo, que a obra, de autoria de Leopoldo Gamberini (1922 – Abril de 2012) e de Otto Frank, pai de Anne, será apresentada em sua versão integral, com orquestra sinfônica, coral com 110 cantores, bailarina, solista e muitos recursos audiovisuais para retratar a história da menina que foi vítima do holocausto da Segunda Guerra Mundial. Toda a peça será regida pelo maestro brasileiro Martinho Lutero, que recebeu todo o direcionamento para a execução da cantata diretamente de seu autor.
Para finalizar a Semana Vladimir Herzog, em 28 de junho, o Itaú Cultural recebe a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República; Amérigo Incalcaterra, representante regional do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos para a América do Sul; e Tito Milgram, curador do Museu Yad Vashem, em Jerusalém (Israel), no Seminário Direito à Verdade e à Memória, mediado por Sérgio Adorno, diretor do Núcleo de Estudos da Violência da USP.
Nesse encontro, serão compartilhadas as experiências de países latino-americanos no resgate da memória e justiça aos autores de violências cometidas durante os governos militares (Amérigo), a percepção judaica sobre o holocausto, pela visão de Milgram e os movimentos para maior transparência na História recente do Brasil, pela ministra Maria do Rosário.
A programação completa, com horários e locais, pode ser conferida aqui.
Fonte: Portal Vermelho