A Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) apresentou, na tarde desta quinta-feira (17), os cinco nomes dos mandantes e mentores do assassinato do diretor financeiro do Sindicato dos Rodoviários, Paulo Colombiano, e de sua esposa Catarina Galindo, mortos em junho de 2010. O anúncio foi feito na presença da imprensa, de familiares e sindicalistas, que promoveram uma manifestação em frente ao órgão.
Trabalhadores mobilizados em frente à secretaria na quinta-feira Foto: Américo Barros
Na madrugada desta quinta, a Polícia Civil da Bahia, por meio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), cumpriu 14 mandados de busca e apreensão em vários endereços de Salvador, como nos condomínios de luxo Morada dos Cardeais e Victory Tower, no Corredor da Vitória. Lá foram detidos Cássio Antônio Ferreira Santana e o seu irmão Claudiomiro César Santana, mandante do crime, sócio do Atacadão Centro-Sul e dono da seguradora Mastermed, responsável por irregularidades no fornecimento do plano de saúde ao Sindicato dos Rodoviários. Ainda são desconhecidas as identidades dos motociclistas que fizeram os disparos de arma de fogo contra o casal.
Segundo a investigação da polícia baiana, Colombiano teria sido morto por considerar que o plano de saúde praticava “extorsão”, conforme confirmou a perícia feita nos computadores do sindicato, que identificou o pagamento mensal de R$ 700 mil mensais pela taxa de administração do seguro de saúde que, desde 2005, já tinha recebido da entidade repasses superiores a R$ 106 milhões.
César Santana e o seu irmão, Cássio Antônio Ferreira Santana – que seria comparsa na ação –, foram detidos em sua residência, no Edifício Mansão Victory Tower, no Corredor da Vitória. Os demais presos são Edilson Duarte de Araújo – ex-funcionário da Mastermed e atual chefe de segurança do Centro-Sul –, capturado no bairro da Liberdade; Wagner Luiz Lopes de Souza – ex-segurança da rede de atacado –, encontrado em Dom Avelar, e Adailton Araújo de Jesus – também ex-vigilante do Atacadão Centro-Sul –, preso em Plataforma.
Colombiano queria auditoria nas contas do sindicato
O cunhado de Colombiano, Geraldo Galindo, presidente municipal do PCdoB, partido do qual Catarina era secretária, compareceu à sede da SSP e comemorou o desfecho das investigações. “Nós, os familiares, amigos e filiados ao PCdoB, nunca esquecemos esse crime e sempre fizemos mobilizações e reuniões com o secretário de segurança e com o governador para que não caísse no esquecimento. E hoje, a Secretaria de Segurança Pública mostrou que tem uma rede de profissionais qualificados, competentes que conseguiram desvendar um crime que parecia insolúvel”.
De acordo com Galindo, Paulo e Catarina morreram porque ele zelava pelas contas da entidade. “Quando Colombiano se deparou na tesouraria do sindicato com um quadro de descalabro, de desvio e denúncias das mais variadas, ele quis colocar ordem na casa, quis moralizar, rever contratos, mas a turma de lá não aceitava isso”, conta o presidente municipal do PCdoB, ao lembrar que o dirigente do sindicato estudava a possibilidade de contratar uma auditoria para investigar a extorsão do plano de saúde e o pagamento de faturas não existentes de gráficas e postos de combustíveis.
Manifestação exigiu rigor da lei
Em meio à muita emoção, no ato promovido por lideranças sindicais, o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadores do Brasil (CTB), seção Bahia, Adilson Araújo, cobrou que seja aplicado o rigor da lei contra os acusados. “É verdade que essa é uma etapa, iniciamos uma segunda parte do processo e o nosso objetivo maior é ver todos eles destinados à prisão e com uma penalidade justa pelo valor que tiveram Colombiano e Catarina na luta pela democracia, na luta por um país igualitário e mais humano”, disse Araújo.
Entre os que acompanharam o processo e estiveram presentes na sede da Secretaria de Segurança, estava a deputada federal Alice Portugal (PCdoB), companheira de partido de Catarina Galindo. Segundo Alice, esse dia é um marco contra a impunidade na Bahia. “Hoje, vim aqui, em nome da direção do PCdoB, agradecer ao secretário de Segurança Pública e pedir que estenda esse agradecimento à Polícia Civil e sua inteligência, porque a banalização da vida não pode passar impunemente. Esses que arquitetaram esse esquema precisam ser punidos, os mandantes, os beneficiários e os atiradores. Nós vamos acompanhar o processo até o final esperando que a impunidade não prevaleça e que, sem dúvidas, o nome de Catarina e Colombiano sejam sempre lembrados pelos lutadores que foram”, afirmou a deputada.
Fonte: Blog do Renato Jorge