Sem proposta, professores da Bahia decidem manter paralisação que já dura 35 dias

A greve dos professores da rede estadual de ensino está mantida, é o que decidiu a categoria durante mais uma assembleia ocorrida nesta terça-feira (15). É o 35° dia do movimento, que pede reajuste salarial de 22,22% para todos os níveis da classe. Mais de milhão de estudantes estão sem aulas. O encontro desta manhã aconteceu no Centro Administrativo da Bahia e prestou homenagem a uma professora que morreu por problemas de saúde na segunda-feira (14).

O governo ignora o movimento paredista dos professores e não respondeu a nenhum dos ofícios encaminhados pela entidade para audiência com o governador. “O governo ainda não se manifestou quanto às nossas reivindicações. A categoria deicidiu manter a greve e a decisão da assembleia é soberana”, enfatizou o coordenador-geral da APLB (Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Bahia), Rui Oliveira.

Reivindicações

Os profissionais da educação da Bahia pedem reajuste de 22,22% para todos os níveis da categoria. O governo, no entanto, afirma que irá seguir o projeto que enviou e foi aprovado pela Assembleia Legislativa: reajuste de 6,5% para todos os professores (assim como para os servidores estaduais) e 22% apenas para aqueles que dão aulas no ensino médio.

Eles contam que estão sem poder usar o CredCesta, um tipo de empréstimo consignado para compra na Cesta do Povo, centro de abastecimento estatal. “O governo do estado, ao cortar o salário, também retirou dos professores o direito de comprar na Cesta, porque, se eu não tenho salário, não tenho margem para consignar crédito e comprar. Mas muitos professores, pais de família, também utilizam deste crédito para sobreviver”, afirma Marilene Betros, dirigente da APLB e da CTB Nacional.

Na sexta-feira (11), o coordenador-geral da APLB se reuniu com representantes do Ministério da Educação, em Brasília, para pedir intervenção na realidade baiana. “Nós entregamos um documento denunciando o que o governo fez aqui com a lei do piso. Desrespeito à lei do piso, transformou salário em subsídio e pedimos intervenção do MEC no sentido de agilizar questões aqui da Bahia. O MEC se comprometeu e hoje à tarde ficou de dizer a gente o resultado desta resposta”, afirma.

Qualidade na educação

Os professoes da rede estadual entendem que há como repor as aulas suspensas pela greve da categoria, mas dizem que o importante a se discutir é a qualidade da educação no estado. “Se não tiver qualidade, a gente não chega em lugar nenhum”, pontua a professora Silvana Santos.

A professora Graciene Nunes é uma das que também compartilham dessa opinião. “Os 200 dias letivos hoje existem, mas eu sou de uma época em que tinham 180 dias letivos. Nós sabemos muito bem que, quando nós retornarmos, se tivermos o tempo hábil necessário faremos um novo planejamento de todos os programas e conteúdo e isso [prejuízo] pode ser vencido”, avalia.

A colega Zenaide Barbosa acredita que, além do conteúdo disciplinar, é importante ampliar o entendimento sobre o contexto social repassado ao alunado. “Eles têm de ter visão geral de cidadania, política e isso nós podemos repor. Eu trabalho em uma escola que tem educação profissional e nós não temos nada. Vamos formar meninos agora sem estágio, biblioteca, não tem a mínima condição. Então nós lutamos pelo reajuste salarial, mas também pela qualidade da educação. Essa educação conteudística é do século passado”, opina.

Confira o calendário de atividades da categoria:

16/05 (quarta-feira)

09:30h – Visita a Escola Estadual Maria José Lima Silveira

17:30h – Entrega do Documento a Câmara de Vereadores

17/05 (quinta-feira)

09:30h – Visita a Escola Estadual Faraídes Santos

11h – Reunião do Comando de Greve.

22/05 (terça-feira)

15h – Assembléia Geral no auditório da Terceira Visão

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