A Câmara dos Deputados realiza na próxima sexta-feira (27), às 15 horas, no Plenário Ulysses Guimarães, uma sessão solene em homenagem aos metalúrgicos.
Durante o ato também será concedido o prêmio Dignidade no Trabalho, que visa agraciar as personalidades que contribuíram com as conquistas e a preservação de direitos dos trabalhadores.
Entre os 16 homenageados, estão o titular do Conselho Fiscal do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região, Jorge Rodrigues, o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o senador Paulo Paim e o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia.
A sessão solene foi proposta pelo presidente licenciado do Sindicato dos Metalúrgicos, deputado federal Assis Melo, como forma de homenagear os trabalhadores da categoria, pela passagem do Dia do Metalúrgico, comemorado no último dia 21.
Natural de Santa Maria, Jorge Rodrigues, 55 anos, é casado e pai de três filhos. Metalúrgico há 32 anos, é sócio do Sindicato desde 1983 e membro da diretoria desde 1987. Presidiu a entidade por três mandatos (1993 -1995; 1996 – 1998 e 1999 – 2001). Na atual gestão, Jorge é membro titular do Conselho Fiscal da entidade. Neste período passou por momentos difíceis, como a intervenção do Ministério do Trabalho no Sindicato em 1993. “Não podíamos fazer nada. Até mesmo o dissídio foi negociado pela junta interventora”, recorda.
Outros momentos difíceis enfrentados como sindicalista foram as eleições de Fernando Collor, que abriu a economia, permitindo a entrada de produtos estrangeiros e quebrando muitas indústrias brasileiras, e de Fernando Henrique Cardoso, quando se registrou o maior número de demissões da história brasileira recente. “A política econômica neoliberal desestimulava o crescimento e expôs muito a indústria nacional e em consequência disso, muitos trabalhadores ficaram desempregados”.
Formado em Economia do Trabalho pela Universidade de Campinas e técnico em Mecânica pela Escola Técnica de Santa Maria, é funcionário da Fras-le desde 1982. Em janeiro de 2008 foi demitido sem justa causa, mas a empresa acabou tendo que readmiti-lo por pressão da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e por decisão da Justiça do Trabalho, visto que a lei assegura a estabilidade de todo trabalhador que faça parte da diretoria dos movimentos sindicais. O caso repercutiu até internacionalmente, na Organização Internacional do Trabalho (OIT), com sede em Genebra, na Suíça, que recomendou a reintegração do sindicalista bem como maior rigor por parte da legislação brasileira na punição deste tipo de prática considerada antissindical. “O objetivo da empresa era desestabilizar a entidade e enfraquecer a categoria, mas não conseguiram”.
Mas não são apenas momentos difíceis que Jorge acumula na vida de sindicalista. Muitas conquistas fazem parte da trajetória junto a entidade em defesa dos direitos dos trabalhadores. “Obtivemos melhorias nos ambientes de trabalho, a valorização das Cipas (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes), redução da jornada de trabalho, garantia de direitos trabalhistas nos momentos mais difíceis em que os empresários queriam retirá-los, parcerias com a Universidade de Caxias do Sul para estudar as doenças ocupacionais, as vitória em batalhas judiciais como a que garantiu o FGTS, a correção da insalubridade pelo piso nacional e o fortalecimento da categoria que ganhou o reconhecimento nacional e conquistou credibilidade junto à categoria”, enumera.
Sobre o prêmio que receberá nesta sexta-feira, Jorge diz que sente-se honrado e gratificado, mas atribui a distinção à unidade dos metalúrgicos caxienses. “Como representante do Sindicato, o grande merecedor é a categoria que sempre lutou e confiou na entidade. A referência à pessoa está ligada ao desempenho e espírito de luta da categoria que, ao longo dos anos, sempre possibilitou o debate e avanços nas conquistas”.
Fonte: Claiton Stumpf