Para Marx, “toda ciência seria supérflua se a forma de manifestação (a aparência) e a essência das coisas coincidissem imediatamente”. E mais ainda: “As verdades científicas serão sempre paradoxais, se julgadas pela experiência de todos os dias, a qual somente capta a aparência enganadora das coisas”. Daí a necessidade de pesquisar de forma ativa, para apreender a essência do objeto de estudo e não apenas a sua aparência.
Foi com metodologia apropriada para captar a essência, que Marx chegou a compreender em profundidade o sistema capitalista, inclusive o processo de brutal exploração a que os trabalhadores e as trabalhadoras estão submetidos. Ninguém antes de Marx havia chegado ao conceito de mais-valia, trabalho não pago intrínseco ao modo de produção capitalista. Com essa constatação de Marx a respeito da mais-valia, todos aqueles que desejam uma sociedade justa e fraterna, necessariamente não podem concordar com o capitalismo, sistema que tem na sua base o processo de exploração dos seres humanos.
Marx entendia que o sindicato é centro organizador das lutas dos trabalhadores e trabalhadoras, e escola de socialismo. Nesse sentido, o sindicato precisa desenvolver as lutas econômicas, políticas e ideológicas que se colocam como necessárias em determinada conjuntura e simultaneamente, deve conscientizar os trabalhadores de que o sistema capitalista não satisfaz suas necessidades de viver numa sociedade onde os seres humanos possam se desenvolver integralmente. E que, portanto, o capitalismo precisa ser substituído por um sistema qualitativamente superior, que é o socialismo.
É exatamente neste processo que os sindicalistas classistas têm obrigação de desenvolver – atuando como organizadores das lutas e divulgadores das mazelas do capitalismo e do futuro socialista – que se situa o processo de formação política e sindical. Por um lado, os trabalhadores e as trabalhadoras se formam no embate econômico, político e ideológico e por outro, na leitura, nos cursos, nos debates, nas palestras, nos seminários, enfim nas atividades de formação política e sindical.
É por isso, que a CTB considera fundamental o envolvimento da classe trabalhadora nas lutas e no processo de formação que deve atingir desde os seus dirigentes principais até os trabalhadores que atuam nos seus respectivos locais de trabalho, produzindo e distribuindo as riquezas deste país. E é por isso também que a CTB – presidida por Wagner Gomes e que tem como Secretária de Formação e Cultura a Professora Celina Areas – mantém, desde novembro de 2008, um convênio com o Centro de Estudos Sindicais (CES) – coordenado por Gilda Almeida – para possibilitar que as atividades de formação se desenvolvam. Até março de 2012, considerando-se cursos, palestras, debates, seminários de Planejamento Estratégico Situacional – PES, o número de participantes chegou a 4219, muito significativo na conjuntura em que vivemos, com os recursos que dispomos.
Augusto César Petta é professor e coordenador-técnico do Centro de Estudos Sindicais (CES).