Mais de dez milhões de pessoas aderiram ao chamado das centrais sindicais espanholas (UGT e CCOO), e saíram às ruas de todo o país nesta quinta-feira (29) em greve para protestar contra a reforma trabalhista defendida pelo governo, como forma de atenuar a crise econômica internacional. Segundo os organizadores, o movimento foi um completo êxito democrático.
“Foi sem dúvida algo indiscutível. Contamos com uma ampla participação de todos os setores. Foi um ato de afirmação constitucional e democrática do povo espanhol”, disse o secretário-geral da UGT, Cándido Méndez.
Segundo as duas centrais sindicais, cerca de 77% das categorias convocadas aderiram à greve geral. Entre os trabalhadores da indústria e da construção, o índice chegou a 97%.
Somente em Madri, cerca de 1 milhão de pessoa foram às ruas. “Cedo ou tarde, este movimento dará resultados. Vencemos o medo para defender nossos direitos”, vibrou o secretário-geral da CCOO, Ignacio Fernández Toxo. Segundo o dirigente, o governo pôde observar o poder de mobilização do povo espanhol e precisará levar isso em consideração ao analisar sua proposta de reforma trabalhista.
“Exigimos que o governo converse conosco para mudar o conteúdo dessa reforma. Em caso contrário, se insistir em arruinar três décadas de diálogo social, haverá conflito pelo tempo que for necessário. Está nas mãos do governo a chance de evitar que essa situação se prolongue”, analisou o dirigente da CCOO.
Apoio da sociedade
A greve geral foi o primeiro grande desafio às medidas de austeridade e reformas do primeiro-ministro Mariano Rajoy. O movimento atraiu o apoio do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), que esteve no poder até dezembro e representa a maior oposição no Parlamento, e também do bloco Esquerda Unida.
O pacote de medidas que se constitui em uma reforma trabalhista tem como objetivo tornar mais fácil para as empresas demitir e contratar funcionários. Para o governo, será uma forma de reduzir a taxa de desemprego no país, que é de 23% – a maior da zona do euro.
Apesar desse discurso, as centrais sindicais têm demonstrado que a reforma significará um retrocesso para o povo espanhol, com risco de o desemprego se tornar ainda maior.
Com informações das centrais espanholas