O Grito de Alerta em defesa da produção e do emprego brasileiros, cuja primeira manifestação foi realizada nesta segunda-feira (26), em Porto Alegre, não poderia ter iniciado melhor. Com a maciça presença de milhares de integrantes das centrais sindicais, empresários e estudantes, a caminhada iniciou na Esquina Democrática, em pleno centro da capital gaúcha, no dia em que completava 240 anos. A marcha culminou na frente do Palácio Piratini, sede do governo do estado.
Enquanto os trabalhadores permaneciam debaixo de chuva, os líderes das entidades entregaram o documento, elaborado em conjunto, ao governador Tarso Genro e à presidente em exercício da Assembleia Legislativa, Zilá Breitenbach. Intitulado “Medidas emergenciais para retomada da indústria nacional”, ele está dividido em cinco capítulos e contém 22 itens onde são sugeridas medidas para estancar a desindustrialização do país.
Durante o ato da entrega do documento ao governador do estado, o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, lembrou que a presidente Dilma está ciente da gravidade que a desindustrialização tem proporcionado à economia do país.
“É necessário o setor produtivo brasileiro deixar de ser penalizado pela alta taxa de juros, pela sobrevalorização cambial e pela entrada de mercadorias livres de taxas em nossos portos. Dessa forma, não há a menor condição de a indústria brasileira competir com os produtos estrangeiros. Por isso, estamos unidos nessa luta contra a desindustrialização, que precisa ter uma solução emergencial. Sabemos que o governador, que foi ministro durante o governo popular de Lula, tem prestígio junto à presidente. Esperamos tê-lo como nosso aliado nessa causa tão importante para o futuro da nação brasileira”.
“Quando os políticos constatarem que trabalhadores, empresários e estudantes estão juntos por uma única causa, tenho certeza de que nosso grito de alerta será ouvido. Temos que estar juntos, sim, em favor dessa proposta para um país mais justo. Nós estamos mandando todas as nossas matérias primas – minério de ferro, soja, petróleo – para o exterior. Atualmente, 76% da nossa pauta de exportação já é matéria prima. Enquanto isso, estamos sendo invadidos pelos produtos importados. A indústria brasileira de transformação está acabando. Há uma regra de ouro: não existe país rico sem uma indústria de transformação desenvolvida. Que Brasil queremos: uma potência ou uma colônia?”, questionou o presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luis Albert Neto.
Em resposta, o governador anunciou que o documento recebido pelos empresários e trabalhadores será levado por ele para a presidente Dilma. E informou que o tema da desindustrialização é uma prioridade desde que assumiu o governo do Estado.
“Vocês têm a minha integral solidariedade. Esse movimento que trabalhadores, empresários e estudantes iniciaram aqui no Rio Grande do Sul é de extrema importância, porque é ele que dará legitimidade para que o Brasil tome as medidas necessárias para tornar nosso país competitivo, em igualdade de condições com o mercado exterior. Graças a ele, uma parte da elite política brasileira será convencida de que a importação predatória resultará na desindustrialização e no desemprego”.
Emanuel Mattos – CTB-RS (Fotos: Márcia Carvalho)