O secretário adjunto de Relações Internacionais da CTB, João Batista Lemos, esteve na cidade de Luanda (Angola), na semana passada, com uma dupla missão: estreitar o relacionamento da Central e de Federação Sindical Mundial (FSM) com o movimento sindical do país e ratificar a importância das relações Sul-Sul dentro do atual contexto geopolítico.
Batista, que também é vice-presidente da FSM, definiu a viagem como muito proveitosa. Ele permaneceu por dois dias na capital angolana, período em que se reuniu com lideranças da União Nacional de Trabalhadores de Angola – Confederação Sindical (Unta-CS).
O dirigente da CTB viu, em Luanda, uma cidade que, em partes, se caracteriza por ser “um verdadeiro canteiro de obras”. Por outro lado, a cidade detém mais de 60% dos trabalhadores na informalidade. “O que foi possível ver também foi um povo que ainda sofre muito por conta da guerra civil que assolou o país”, afirmou, referindo-se ao conflito que durou entre 1975 e 2002.
Na reunião com a Direção Executiva da Unta-CS, Batista foi recepcionado pelo secretário de Associativismo e Formação de Quadros, Evaristo Adão, que também é secretário-geral da Federação Nacional da Construção Civil de Angola. O dirigente da Unta-CS revelou que hoje a entidade representa cerca de dois milhões de trabalhadores filiados (em um universo de cerca de 19 milhões de habitantes). “Temos oito federações nacionais, divididas por ramo de atividade, e 15 uniões sindicais organizadas nas províncias (direções estaduais)”, destacou.
Protagonismo feminino
Batista destacou que 50% da direção da Unta-CS é composta por trabalhadoras, em grande parte devido à militância feminina em torno do Comitê Nacional de Mulheres da entidade. Uma delas, Filomena Soares, é secretária-geral da União de Sindicatos de Luanda, lutadora que destacou, em conversa com o vice-presidente da FSM, a importância dos núcleos femininos existentes nas empresas do país.
FSM na África
Em seu relato da viagem, Batista destacou o papel classista da Unta durante a guerra civil em Angola. Como o país é rico em recursos como petróleo, ouro e diamantes, a luta de seu povo foi diretamente influenciada pelas forças envolvidas na Guerra Fria.“A Unta tinha um grande vinculo com o MPLA, partido revolucionário que recebeu apoio do povo cubano e que se contrapunha ao Unita, força alinhada ao imperialismo norte-americano”, explicou o dirigente.
No entanto, com o ocaso da União Soviética, tanto a Unta quanto o MPLA adotaram uma postura social-democrata. Em nível internacional, os sindicalistas passaram a fazer parte da antiga Ciols (atual CSI).
Dessa forma, a viagem de Batista também teve a importância de levar a um país muito próximo ao Brasil, especialmente pela mesma língua, o que defende a FSM atualmente. “Expus, com muita clareza, nossa visão sobre a crise capitalista na atualidade. E expliquei que a única organização sindical internacional que luta contra o capitalismo é a FSM”, relatou.
Após sua passagem, Batista seguiu para a Africa do Sul, onde participou do 6º Conselho Presidencial da FSM. O relato de sua segunda parada no continente africano será publicado nesta quarta-feira (15).
Fernando Damasceno – Portal CTB