O dinheiro tem vários preços. Um preço interno é o juro que determina quanto custará o dinheiro após algum tempo. Um preço externo é o câmbio que determina quanto vale o nosso dinheiro em moeda estrangeira.
Para a sociedade e em particular para os trabalhadores, um dos mais famigerados preços do dinheiro é a inflação, que o desvaloriza. Quanto a este preço, o Brasil conquistou uma estabilidade relativa depois de anos de inflação alta e continuada e depois da experiência trágica da hiperinflação. Hoje, a inflação é residual e mínima, acomodando-se nas metas do governo e – para os trabalhadores – compensada em mais de 90% dos reajustes salariais contratados. Ela ainda pesa em todos os casos de indexação (aluguéis, energia elétrica, tarifas, etc) e precisa ser constantemente vigiada e controlada com o aumento permanente da oferta e da produtividade.
Quanto aos outros dois preços – interno e externo – ainda vivemos uma situação de graves desequilíbrios que exigem arbitragens permanentes.
Os juros que apresentam uma trajetória de baixa, precisam cair ainda mais para que continue havendo investimentos e distribuição de renda. Embora haja um consenso virtuoso sobre este objetivo, o movimento sindical unido tem sido a grande força que verbaliza essa exigência, como ocorreu recentemente no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Mas, o movimento sindical quer mais que a queda continuada dos juros; quer participar como agente responsável do Conselho Monetário Nacional, como reivindicou na Conclat do Pacaembu.
O câmbio está desequilibrado, com o real super valorizado. Este desequilíbrio provoca consequências contraditórias: os importadores, o comércio e os serviços, em geral, beneficiam-se dele; as exportações ganham valor e perdem na concorrência; a indústria, em geral, perde quando se instala uma situação de desindustrialização.
O movimento sindical tem se manifestado de forma criativa contra os resultados negativos do desequilíbrio do câmbio apoiando as medidas circunstanciais recomendáveis e jogando seu peso nas arbitragens que se fazem necessárias.
João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo