Contra a crise e seus causadores, classe trabalhadora vai às ruas em todo o mundo ao longo de 2011

A crise econômica atual, quando vier a ser estudada no futuro por historiadores, precisará de um capítulo especial para o papel da classe trabalhadora durante o ano de 2011. Não se trata de mera coincidência: se a História que estudamos na escola até hoje tem um caráter eurocêntrico e pró-EUA, foi justamente no Velho Continente e na chamada “América” em que milhões de trabalhadores foram às ruas protestar contra os desmandos do capitalismo.

Grécia, França, Portugal, Espanha, Itália, Bélgica, Irlanda, Inglaterra e dezenas de estados norte-americanos assistiram ao longo de 2011 a milhões de indignados que se recusam a arcar com a conta da crise gerada pelo sistema financeiro. Em marchas, protestos, acampamentos e manifestações pela internet, o mundo assistiu neste ano ao começo de um ciclo que eleva o protagonismo da classe trabalhadora a um novo patamar.

Austeridade de quem e para quem?

Mais uma vez, a solução encontrada pelo sistema financeiro internacional e por governos subservientes correspondeu à lógica do capitalismo sem risco: privatizam-se os lucros e socializam-se os prejuízos. Como sempre, por esse raciocínio caberia à população trabalhadora arcar com a maior parte do ônus de uma crise que se originou na completa irresponsabilidade de uma minoria ínfima, muito bem representada pelo slogan surgido nos Estados Unidos em defesa dos que sofrem com a crise: “Nós somos os 99%!”.

Os trabalhadores não hesitaram em se unir contra os pacotes de “austeridade” propostos por inúmeros governos europeus, em consonância à cartilha do Fundo Monetário Internacional (FMI) e sua miopia neoliberal, determinada em acabar com as consagradas conquistas históricas dos trabalhadores do continente e sem estado de bem-estar social. Fim de direitos, aumento no número de anos necessários para aposentadoria, demissões e diminuição de salários foram algumas das “saídas” encontradas – e devidamente combatidas.

Há números distintos sobre o estrago causado pela crise junto aos trabalhadores de todo o mundo. Para a Organização Internacional do Trabalho (OIT), somente em 2016 (com otimismo) o mundo conseguirá recuperar os cerca de 80 milhões de empregos que foram extintos desde 2008. Em países como a Espanha já são 22% de desempregados. Nos Estados Unidos, onde desde 2008 milhares de famílias já haviam perdido seus lares, agora sua população se dá conta de que a política que vem sendo implementada desde os anos 1980 estava errada e pode levar “a maior democracia do planeta” à bancarrota.

Congresso da FSM e 4º ESNA

A atuação da CTB em nível internacional também foi bastante destacada ao longo de 2011. Durante todo o ano, seus dirigentes estiveram atentos, nos mais diversos fóruns, para manifestar seu apoio à luta da classe trabalhadora na Europa e em outros continentes.

No primeiro semestre, a CTB levou uma massiva delegação à Grécia, onde se realizou o 16º Congresso da Federação Sindical Mundial (FSM). Dirigentes sindicais de todo o mundo se reuniram em Atenas para debater a conjuntura mundial e as perspectivas de luta da classe trabalhadora, em meio ao cenário de um dos principais países empenhados contra os desmandos do capital financeiro.

batista_fsmAo final do Congresso, quando o secretário-geral da FSM, George Mavrikos foi eleito para mais um mandato, a CTB obteve uma grande conquista, ao ver seu dirigente João Batista Lemos ser alçado à posição de vice-presidente da entidade. “Foi uma grande conquista da CTB, uma entidade que em pouco tempo alcançou todas as exigências do Ministério do Trabalho para se legalizar, protagonizou a Conclat aqui no Brasil – algo que foi sua proposta – e também protagonizou, ao lado de outras entidades da América Latina, os Encontros Sindicais Nossa América”, declarou Batista à época.

A respeito do ESNA, mais uma vez a participação da CTB foi fundamental. Em 2011, a 4ª edição do Encontro se deu na Nicarágua, já no segundo semestre. Mais de 30 dirigentes se deslocaram até a capital do país, Manágua, onde se somaram a mais de 200 sindicalistas de todo o continente para reforçar a necessidade da integração regional e fortalecer o protagonismo da classe trabalhadora.

A “Declaração de Manágua”, documento final do 4º ESNA, reuniu as diretrizes para a entidade no próximo período e fez uma análise sobre a atual conjuntura político-econômica do continente. Também definiu que sua 5ª edição, em 2012, será realizada no México, ainda no primeiro semestre.

Fernando Damasceno – Portal CTB

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