Feira do livro de Frankfurt expõe o programa de internacionalização da literatura brasileira

Governo e editoras brasileiras pretendem aproveitar o maior interesse que o país vem despertando no exterior para tornar a literatura e os escritores nacionais mais conhecidos entre os leitores e especialistas de outros países, ampliando a venda de livros e de direitos autorais para outros países. 

Nesta quinta-feira, (13), o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Galeno Amorim, apresentou a editores, agentes e jornalistas presentes à Feira do Livro de Frankfurt o programa federal de estímulo à internacionalização da literatura brasileira. A feira alemã é o maior evento mundial do gênero. Na terça-feira (11), o Brasil já havia ocupado o centro das atenções durante um seminário sobre direitos internacionais e o desenvolvimento do mercado editorial brasileiro. 

“A sala estava lotada, com gente em pé. Recebemos a informação de que vários editores brasileiros já estão vendendo direitos de publicação de seus autores graças, em parte, à iniciativa”, contou Amorim, por telefone, à Agência Brasil. “O livro e a literatura brasileira podem ter a mesma importância para nosso país que o cinema de Hollywood tem para os Estados Unidos. É uma forma de mostrarmos quem somos, o que pensamos, nossa forma de ver o mundo, algo essencial no desenvolvimento, por exemplo, de um maior intercâmbio científico e cultural”. 

Também contarão com incentivo público as ações desenvolvidas por órgãos da Administração Pública federal, estadual e municipal e por instituições privadas sem fins lucrativos para reforçar a presença de autores brasileiros em eventos literários internacionais e em ações de intercâmbio cultural. 

Segundo o edital de seleção de projetos publicado no Diário Oficial da União de hoje, o objetivo é reunir o maior número de autores, pesquisadores, editores e profissionais do mercado editorial nacional em conferências, seminários e feiras no exterior, em especial naquelas em que o país será homenageado, caso das de Bogotá, na Colômbia, em 2012; de Frankfurt, na Alemanha, em 2013 e de Bolonha, na Itália, em 2014, classificadas como “oportunidades estratégicas para o país consolidar sua imagem no exterior”. 

Ex-diretor da Fundação Biblioteca Nacional (1991-1996), o escritor Affonso Romano de Sant´Anna elogiou o programa, destacando que um país que obtém o reconhecimento de sua literatura atingiu a maturidade. “Ele deixa de ser um país exótico para pleitear, de fato, um lugar entre as potências culturais mundiais. E esta é a hora da virada para o Brasil, já que somos hoje um país totalmente diferente do de 30 anos atrás”, declarou Sant´Anna. 

De acordo com o escritor, até há pouco tempo, as conquistas obtidas por alguns poucos autores brasileiros no exterior eram frutos da conjunção de mérito pessoal e acaso. Sant´Anna atribui a situação a dois fatores: a timidez dos agentes literários e editores brasileiros em relação às exportações e a falta de informação e interesse de muitos profissionais estrangeiros. 

“Na última vez que estive em Paris eu fui a várias livrarias e praticamente não encontrei nada de literatura brasileira. Perguntei a um livreiro porque não havia uma estante de autores brasileiros já que havia espaços dedicados a diversos países e ele respondeu não haver autores suficientes. Ou seja, precisamos mudar essa percepção e um programa de estímulo como este da Biblioteca Nacional é mais que necessário. Ou passamos a exportar outros itens além de soja, café e automóveis montados ou seremos atropelados pela China e por outras potências”, comentou Sant´Anna. 

Fonte: Agência Brasil

 

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