A onda de protestos contra as medidas de “austeridade” na Europa chegou definitivamente à Itália. Na última quarta-feira (14), dia em que a terceira maior economia europeia aprovou novas medidas para combater a ameaça de crise financeira no país, centenas de manifestantes protestaram à porta do parlamento em Roma.
O governo de Silvio Berlusconi, primeiro-ministro italiano, havia anunciado a votação de novas medidas para reduzir o déficit da economia italiana, que ronda os 54 bilhões de euros.
Com 314 votos a favor e 300 contra, o parlamento italiano aprovou um novo plano de austeridade no montante de 54 bilhões de euros. O primeiro, aprovado em 15 de julho, tinha o valor de 79 bilhões de euros. Novos impostos, cortes na despesa e reformas no sistema de pensões foram algumas das medidas anunciadas. Ato contínuo, nas ruas de Roma centenas de pessoas protestaram contra o anunciado reforço da austeridade, numa manifestação que acabou por evoluir para confrontos com a polícia local.
Convocados, nomeadamente, pelos COBAS (Confederação dos comitês sindicais de base), os manifestantes gritaram contra as políticas de austeridade, insultaram os membros do governo e da maioria de direita e lançaram bombas de fumaça.
O descontentamento da população italiana coloca o país na iminência de uma eventual erupção de protestos, na mesma escala dos que já sucederam em outros países europeus, como a Espanha e Grécia.
A crise da dívida italiana tem preocupado os mercados internacionais, que especulam sobre o agravamento financeiro daquela que é a terceira maior economia da Zona Euro, e temem que um possível colapso transalpino possa agravar a sustentabilidade do sistema financeiro da moeda única.
O segundo pacote italiano de austeridade, exigido pelo Banco Central Europeu (BCE) para comprar dívida italiana e pela pressão dos mercados financeiros e das instituições da União Europeia, é composto por várias medidas: aumento da taxa do IVA de 20% para 21%; facilitação das demissões, que esteve na base da convocação da greve geral na semana passada pela CGIL (a maior central sindical italiana); antecipação de 2016 para 2014 do aumento da idade de aposentadoria das mulheres, dos 60 para os 65 anos. O plano prevê ainda um imposto de 3% sobre os rendimentos superiores a 300 mil euros por ano, durante o período 2011/2014.
Com informações da Esquerda.net