Legado de Abdias Nascimento inspira ‘Troféu Palmares’

O ativista do Movimento Negro no Brasil, Abdias Nascimento, foi o homenageado de honra na cerimônia de encerramento das comemorações dos 23 anos da Fundação Cultural Palmares, do Ministério da Cultura (FCP/MinC), realizada na semana passada  na Sala Villa Lobos do Teatro Nacional Cláudio Santoro, em Brasília. A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, e o presidente da Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, abriram a solenidade, que contou com apresentações do cantor brasiliense de Hip-Hop, Gog, e da cantora Leci Brandão.

O Troféu Palmares Especial foi entregue pela ministra da Cultura, Ana de Hollanda, à viúva de Abdias, Eliza Larkim, em reconhecimento à sua luta pela valorização e promoção da cultura afro-brasileira. Abdias foi bacharel em Economia, poeta, pintor, ator, dramaturgo e político. Precursor do Movimento Negro Brasileiro criou o Teatro Experimental do Negro, o Museu de Arte Negra e o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-brasileiros (Ipeafro) e foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz, em 2010, pela defesa dos direitos dos afrodescendentes no Brasil e no mundo. Faleceu no Rio de Janeiro, em maio deste ano.

Ao receber o troféu, Eliza Larkim leu uma carta aberta da direção do Ipeafro, do qual faz parte, comunicando a disposição da instituição de criar um Centro de Referência Abdias do Nascimento, em uma área de Reserva Florestal, no Brasil. “A cultura negra tem uma profunda relação com a natureza. Instalar o Centro de Referência neste local significa trabalhar uma referência fundamental da matiz africana”, comentou.

Ela iniciou os agradecimentos pela homenagem ao marido, falando em dialeto africano. Disse que o troféu é uma bela e adequada lembrança da vida militante de Abdias, pois traz alusões aos Orixás Exu e Xangô, que simbolizam, respectivamente, a Comunicação e a Justiça.

Legado de Abdias

Ao falar, na abertura da solenidade, a ministra Ana ressaltou o legado de Abdias Nascimento, que usou todo o seu talento para valorizar a cultura negra no Brasil. Ela disse que a homenagem era um momento muito especial para a Fundação Palmares, dentro das comemorações do Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes. Destacou a força das tradições africanas no Brasil, que perpassa amplos setores da cultura brasileira e está presente na origem étnica de mais da metade da população do país.

O presidente da Fundação Cultural Palmares disse que a escolha do nome de Abdias Nascimento para receber uma homenagem póstuma, com o Troféu Palmares Especial, levou em conta o legado deixado pelo líder negro, criador da instituição (Ipeafro) que prossegue com a luta pela valorização da cultura afro-brasileira e contra a discriminação racial no país.

A Fundação Palmares se incorporou aos esforços da Presidência da República na erradicação da miséria e do analfabetismo no país, onde os afrodescendente representam 70% da população nestas condições. Estes dois assuntos foram o tema do seminário realizado pela fundação, no início desta semana, na abertura das comemorações do aniversário de 23 anos da instituição.

Fonte: Ministério da Cultura

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