Repressão do governo chileno leva 552 estudantes à cadeia

O cada vez mais impopular presidente do Chile, Sebastián Piñera, aumentou a repressão aos estudantes e professores que protestam contra os descalabros do governo. A truculência policial sobre os manifestantes levou à prisão 552 pessoas em várias cidades.

Desobedecendo à absurda proibição de protestos do governo chileno, estudantes lideraram as manifestações e ocuparam várias ruas de Santiago e do interior. Foi a manifestação mais reprimida dos últimos três meses, desde o início do movimento estudantil, em maio. 

Para impedir os protestos, Piñera usou um decreto assinado pelo ex-ditador Augusto Pinochet (1915-2006). A medida farsante reconhece o direito de realizar atos, desde que sejam antes aprovados pelo governo, que negou o direito sob o argumento de manter a “ordem pública”.

Os universitários e secundaristas reivindicam a ampliação da educação pública e gratuita e a ampliação de investimentos no setor. Mais de 5 mil pessoas foram às ruas do Chile, marcando o oitavo dia de protestos no país. Das 552 pessoas detidas, 284 protestavam na capital.

Em comunicado, o serviço de segurança informou que as detenções ocorreram motivadas pela “desordem, por porte de armas ou explosivos” — mas foram os policiais que usaram gás lacrimogêneo e jatos de água na tentativa de dispersar os manifestantes. O clima de tensão tomou conta de várias avenidas no país. As manifestações duraram, em média, cinco horas.

Houve barricadas em pelo menos dez pontos da capital, Santiago. Numa das ações mais simbólicas, estudantes ocuparam a rede de TV Chilevisión, de propriedade da família Piñera — o presidente se desligou após assumir a Presidência. Moradores da capital saíram às ruas em apoio aos estudantes.

Embora o porta-voz do governo, Andrés Chadwick, tenha dito que os “estudantes não são donos do país”, a “primavera chilena” dá sinais de vigor. A tal ponto que, em meio à crise, o presidente reformou quase metade de seu gabinete no último mês, para tentar melhorar a imagem do governo.

Piñera ostenta um dos piores índices de aprovação da história política do Chile. O Centro de Estudos Públicos, um dos institutos mais respeitados do país, divulgou nesta quinta-feira uma nova pesquisa sobre a popularidade do presidnete, que segue em queda: ele tem apenas 26% de aprovação popular.

Com agências

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