Centrais e governo debatem sobre qualificação profissional no Pará

O empenho para garantir que os grandes projetos que serão erguidos no Pará absorvam a mão-de-obra local uniu, na tarde desta quinta-feira (7), o secretário extraordinário para Assuntos de Energia e dirigentes da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), União Geral dos Trabalhadores (UGT),  Força Sindical e Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

No centro das discussões estão as vagas que serão criadas com as obras para construção da Hidrelétrica de Belo Monte. Nicias Ribeiro, que também é coordenador do Comitê Gestor do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável (PDRS), se comprometeu a fazer um levantamento e entregar às entidades dados sobre a quantidade e quais os tipos de cargos que serão criados com o empreendimento.

“Na feita que estivermos com esses dados bem concretos, podemos formatar os projetos e ir buscar recursos para assegurar os empregos para a nossa gente”, explicou José Marcos de Lima, da CTB. Para ele, a qualificação dos trabalhadores garantirá que os paraenses possam ter acesso às riquezas do Estado.

Oportunidades

José Francisco Pereira, da UGT, contou que esteve em um frigorífico em Redenção, sul do Pará, e descobriu que 100% dos funcionários de lá não são paraenses e 50% deles nem mesmo moravam na cidade. “Não podemos ficar vendo a banda passar. Viemos aqui num grito desesperador, porque não é possível que uma região carente, um Estado carente desse, venha a perder oportunidade de emprego e renda para o trabalhador”, defendeu.

Nicias Ribeiro admitiu o problema de falta de mão-de-obra qualificada, que se arrasta há vários anos, e demonstrou o empenho do atual governo em mudar essa realidade. “Carajás tinha três mil vagas para engenheiro de minas e não havia profissionais. O Pará tem a maior província mineral do mundo e não temos engenheiro de minas na Universidade Federal do Pará (UFPA). Quando foi descoberta a mina de eldorado dos Carajás? Foi no governo João Goulart. Ela foi implantada no governo de Costa e Silva. E nós estávamos em 2005 sem engenheiro de mina”, exemplificou.

Nicias defendeu que, além de se discutir os impactos ambientais, é preciso debater também os impactos econômicos e sociais que serão provocados pela hidrelétrica. “Altamira hoje tem congestionamento de carros nas ruas. Às 10 horas da manhã não tem mais comida na feira. E a obra ainda não começou. Eu falava disso há dez anos. Meu maior trabalho era fazer palestras em tudo quanto era canto sobre o impacto econômico, porque é o maior dos impactos”, avalia.

Inclusão

O secretário pretende concluir o levantamento sobre os empregos que serão gerados por Belo Monte o mais rápido possível. “Em duas semanadas já terei esses dados concretos. Vocês estão cobertos de razão sobre a questão da qualificação”, enfatizou, lembrando que a reunião desta quinta-feira foi apenas mais uma demonstração da união que governo do Estado centrais sindicais têm firmado em favor dos trabalhadores paraenses.

Desde que começaram a dialogar com a atual gestão estadual, as entidades conseguiram garantir a nomeação de representantes para comporem três comissões de trabalho do governo. Além disso, o governo do Estado solicitará ao Ministério do Trabalho que envie mais recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para a capacitação profissional no Pará. Ele determinou, ainda, o aumento do valor previsto na Agenda Mínima do Estado para a qualificação dos trabalhadores paraenses, hoje estipulado em R$ 25 milhões.

“Se não corrermos atrás do prejuízo agora, vamos ter problemas sérios no futuro. O Estado está caminhando bem. O que estamos buscando é política macro de qualificação profissional. Vamos ter problemas por não termos tentado isso antes, mas ainda podemos avançar nisso aí”, declarou o supervisor técnico do Dieese, Roberto Sena.

Fonte: Keila Ferreira – Casa Civil

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