A orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, recebeu um mar de pessoas vestidas de vermelho no dia 12. Mais de 27 mil pessoas participaram do ato em solidariedade aos bombeiros.
Pessoas de diversas regiões do estado se vestiram de vermelho e participaram da manifestação, que contou ainda com representações de bombeiros e policiais civis de outros estados, como Bahia, Santa Catarina e Minas Gerais. Outras categorias também estiveram presentes, como professores e profissionais da saúde. A CTB e outras centrais sindicais também apoiaram o movimento, além de parlamentares.
Mas veio da população o maior apoio. Nas janelas das casas e dos prédios foram pendurados faixas e panos vermelhos. Nos carros, uma fita demonstrava a admiração pelos bombeiros e, durante toda a caminhada, as pessoas pararam e aplaudiram a luta dos bombeiros.
Os 439 bombeiros soltos no dia 11 e seus familiares estiveram presentes. Na areia de Copacabana, 439 balões representavam cada um desses trabalhadores, que agora exigem a anistia de todos. Como diz um trecho do hino da corporação cantado por eles “nem um passo daremos atrás”.
CTB em peso
Durante a manifestação, o vice-presidente da CTB, Vicente Selistre, falou em nome da Central. “Nosso apoio é de solidariedade. Queremos ver o Estado respeitando a classe trabalhadora. É urgente a revisão das condições de vida, salário e segurança de todos os trabalhadores brasileiros. É inadmissível a falta de interlocução e diálogo entre o governo e os bombeiros”, sustentou.
O secretário de Política Sindical e Relações Institucionais da CTB, Joílson Cardoso, também saiu em defesa da corporação. “É justo defender os bombeiros do Rio de Janeiro. Eles represantam o serviço público prestado e reconhecido pela população como de qualidade. Nós, sindicalistas da CTB, defendemos o fortalecimento do Estado para que o mesmo promova serviços de qualidade para a população, como fazem os bombeiros do Rio de Janeiro”, afirmou.
Também estiveram presentes outros representantes da direção nacional cetebista, de diversos estados brasileiros: Salaciel Vilela, secretário-geral adjunto, Maria do Socorro Barbosa, secretária de Meio Ambiente, a vice-presidente Márcia Machado, Francisco Assis (PA), Jadson Pontes (CE), Marionaldo Maciel (SP), José Rodrigues (PE), Claudemir Nonato (BA) e James Figueiredo.
Anistia
A prisão dos 439 bombeiros foi recebida com indignação pela população, em um movimento que só tem crescido. Para a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) esse é um movimento de apoio impressionante da sociedade, amplíssimo, diferente do que alguns imaginavam. O movimento cresceu e o próximo passo é que a comissão parlamentar da Alerj vá ao governador para que se aumente a proposta salarial, de forma a contemplar o movimento. E em Brasília, que seja aprovada a anistia.
O deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB), da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados e um dos que solicitou o habeas corpus, classificou a prisão dos bombeiros como “ilegal e desumana”. Para ele, “essa movimentação da população do Rio de Janeiro representa não só indignação contra esse ato de injustiça, de opressão, mas reafirma que cadeia é para bandido, não é para trabalhador honesto e honrado, principalmente os bombeiros militares, que além de salvar vidas, zelam pelo patrimônio público”.
Comemorando sua libertação ao lado do deputado Protógenes, o Cabo Kalil, de Cachoeiras de Macacu e com 12 anos na corporação, levou sua esposa grávida – que também é bombeiro – e falou sobre a prisão: “foi bem sofrida, a gente não aguardava isso, até porque a reivindicação era pacífica, mas fomos tachados como bandidos. Graças ao apoio da população estamos livres e esperamos que venha a anistia, porque nós não somos bandidos”.
Para o deputado federal Glauber Braga (PSB-RJ), deve prevalecer o diálogo para resolver essa situação. “Os bombeiros militares merecem todo respeito do governo do estado do Rio de Janeiro. Aquelas comunidade que são de áreas de risco de desastre sabem sua importância para salvar vidas, reduzir danos e reduzir riscos. O que esperamos é uma reversão dessa decisão. A política de força não pode sobrepor ao diálogo. O governo errou”, disse.
PEC 300